Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira, em Brasília, o Secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, apresentou o Protocolo de Atenção à Saúde e respostas à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção zika vírus. O guia tem como objetivo padronizar os atendimentos às gestantes e às crianças com suspeita da má-formação.
O documento trabalha em cima do segundo eixo do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, lançado há duas semanas pela presidente Dilma Rousseff, que diz respeito ao tratamento das pessoas envolvidas em casos suspeitos. Fruto do trabalho de especialistas da pasta, de outras entidades e de pesquisadores, o material foi desenvolvido para atingir mulheres em idade fértil, gestantes e bebês com microcefalia.
— Vamos preparar equipes de saúde da família, das maternidades, dos núcleos de apoio da necessidade de acolher essas famílias e confortá-las em uma situação de sofrimento que é receber a notícia de que se tem um filho microcéfalo — disse Beltrame.
Dentre as medidas imediatas a serem tomadas estão o aconselhamento das mulheres em idade fértil que pretendem engravidar e a ampliação da oferta de testes rápidos de gravidez. Esta segunda, deve ter um investimento aproximado de R$ 5 milhões.
— É importante saber se a mulher está grávida para que possamos captá-la e orientá-la para evitar a picada do mosquito.
O ministério também reforça que apenas 20% dos casos de infecção por zika apresentam sintomas como febre leve, eczemas e muita coceira, e que eles devem ser prontamente examinados para confirmar ou não a presença do vírus.
No pós-parto, os profissionais da saúde estão sendo orientados a seguir uma série de procedimentos caso o bebê nasça com o perímetro cefálico igual ou inferior a 32 centímetros. São requisitadas coletas de sangue do cordão umbilical e da placenta para fazer testes complementares. Além disso, estão previstas as realizações de, pelo menos, dois exames para confirmar ou descartar a microcefalia. Segundo Beltrame, ambos testes já fazem parte do rol do Sistema Único de Saúde.
Também consta no documento recomendações para que os profissionais encaminhem o quanto antes os bebês microcéfalos para um dos 136 centros de reabilitação do país para estimulá-las e reduzir, assim, as possíveis sequelas da má-formação. De acordo com Beltrame, todos estes procedimentos não devem impactar nas contas do governo, afinal, não apresentam nenhuma novidade em relação ao que já é oferecido:
— Não estamos dando ênfase aos custos por que toda essa rede já funciona e não tem nada de extraordinário. O pré-natal é o que já preconizamos, o que tem de diferente é a possível realização do ultrassom transfontanela (exame que serve para visualizar as estruturas cerebrais dos bebês, considerada menos agressiva que a tomografia) e a tomografia. Quanto à assistência, esses gastos já são realizados. Estamos chamando a atenção para coisas excepcionais, como o teste rápido de gravidez.
Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde vai divulgar um novo boletim com o número de casos suspeitos de microcefalia no país. Na última atualização, feita até o dia 5 de dezembro, haviam 1.761 casos notificados.