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Servidores da saúde aprendem crioulo para atender imigrantes haitianos
 
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21/12/2015

Servidores da saúde aprendem crioulo para atender imigrantes haitianos

Projeto ensina o idioma a funcionários de dois postos de saúde que atendem o maior número de haitianos na cidade

– Kiyés ki respunsab fanmian? – dizem, em coro, os alunos do professor Alix Georges.

Estranha aos ouvidos brasileiros, a frase que significa “quem é o responsável da família?” vem do crioulo (língua oficial do Haiti) e é uma das lições de um projeto que busca acolher os imigrantes em Porto Alegre ao ensinar o idioma a servidores de postos de saúde. Não por acaso, o programa foi batizado com a expressão em crioulo M’akeyiw lakay mwen (“Te acolho na minha casa”, em português).

Iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde, o curso surgiu do aumento de atendimentos médicos a imigrantes haitianos na Capital e da consequente dificuldade em compreendê-los nas consultas. Estima-se que cerca de mil deles morem, atualmente, na cidade.

– Com a chegada de haitianos em Porto Alegre, questionamos como fazer um acolhimento humanizado se não falamos a língua deles e muitos deles não falam a nossa. Então, pensamos: por que não ensinar o crioulo aos trabalhadores da saúde o crioulo, que é a sua língua de casa? – conta a assessora comunitária da secretaria, Fabiana Ninov.

É ela a mentora do projeto. Fabiana buscou haitianos que já vivem na cidade há mais tempo para discutir a ideia e, juntos, montaram um curso de 20 encontros, com duas horas de duração cada. A partir daí, foram selecionados os dois postos de saúde que atendem o maior número de haitianos na cidade (a unidade Esperança Cordeiro, na Zona Norte, e Pronto Atedimento Lomba do Pinheiro, na Zona Leste) e os servidores puderam, voluntariamente, inscrever-se. Participam do programa 32 funcionários – dentre eles, médicos, dentistas, agentes comunitários, entre outros.

– Faz parte do nosso trabalho e é nossa obrigação atender a todas as pessoas com equidade. Fazemos esse curso para atender as pessoas da melhor forma possível – diz a enfermeira Andréia Gonçalves.

Nas primeiras 10 aulas, o professor foca na gramática do idioma. Nas restantes, aposta em perguntas e respostas comuns aos atendimentos e às especialidades de cada área.

Georges mudou-se para Porto Alegre em 2006, ano em que recebeu uma bolsa para estudar Engenharia da Computação. Mestre em Administração pela UFRGS, nunca havia ensinado a língua materna a um brasileiro – hoje, trabalha para que seus conterrâneos se sintam mais próximos de casa na cidade.

– A pessoa está longe da família, sente-se sozinha. Quando encontra um brasileiro que fala uma frase em crioulo, ela não se sente tão deslocada, tão distante do seu país. Ela se encontra. E já se resolve muita coisa – garante.

O professor conta com o auxílio de outros haitianos que foram chegando às aulas e praticam conversação com os brasileiros. Assim, formou-se um ambiente de troca: enquanto os funcionários da saúde aprendem crioulo, retribuem com ensinamentos do português.

A secretaria pretende, em 2016, ampliar o projeto para servidores de outras unidades da saúde por avaliar o resultado como positivo: para além de um melhor atendimento médico, aprender crioulo se transformou em uma maneira de incluir os imigrantes socialmente.

– Atendi pacientes haitianas depois de começar o curso e é bem diferente. Conseguimos conversar, nos entendermos, e elas ficam muito felizes só de falarmos um pouquinho de crioulo – relata a obstetra Simone Heineck, que acompanha o pré-natal de quatro haitianas.

Francês x Crioulo

Há muitos haitianos que falam francês por causa da colonização do país. O professor Alix Georges define, porém, o francês como a “língua diplomática” do país caribenho e falada por pessoas com melhor grau de educação. O crioulo é considerado, de fato, o “idioma oficial” pelos haitianos. 


Autor: Débora Ely
Fonte: Zero Hora
Autor da Foto: Lauro Alves

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