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12/11/2008

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Setor privado de saúde representa mais de 60% dos hospitais brasileiros

Ao contrário do que prevê a constituição, os hospitais privados são os principais prestadores de serviço de saúde, atualmente, no Brasil. O País conta hoje, segundo o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), com 7543 hospitais, sendo que 2745 são públicos e 4671 são privados.

Apesar de muitos hospitais privados também atenderem ao SUS (Sistema Único de Saúde), a grande maioria foca sua atenção apenas no público pagante de convênios ou particulares, que representa apenas 20% da população brasileira.

Essa informação foi divulgada durante o 7° Fórum da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), entidade que agrega 34 hospitais que podem ser considerados os melhores hospitais privados do Brasil. Para fazer parte da associação, o hospital deve ser acreditado com o padrão de excelência exigido por órgãos certificadores, como a JCI (Joint Comission International) e a ONA (Organização Nacional de Acreditação).

O evento reuniu mais de 300 gestores de saúde e contou também com debates envolvendo representantes de todos os lados da cadeia produtiva do setor – médicos, instituições de saúde, operadoras de saúde, agências reguladoras e pacientes. 

Interessados apontam soluções, mas não chegam a consenso

O objetivo do Fórum da Anahp era buscar soluções para o caos em que vive o sistema de saúde brasileiro. Estudos realizados na Califórnia apontam que os Estados Unidos investiram 16% de seu Produto Interno Bruto (PIB) com saúde. Em 1950, esse número correspondia a apenas 5%. E a estimativa é que até 2050, o setor consuma 30% dos recursos. Já no Brasil, são investidos entre 6% a 7% do PIB em saúde, divididos entre os setores público e privado. A estimativa é que se o cenário econômico se mantiver, em 2025 esse número chegue a 12%.

Os participantes expuseram seus pontos de vista, mas cada um defendeu o seu segmento de atuação, sem chegar num consenso sobre quem deve ceder primeiro. Afinal, não é tarefa fácil conciliar os interesses de 7.543 hospitais, sendo mais de 60% privados, 2090 operadoras de planos de saúde e mais de 310 mil médicos. Isso sem falar nos pacientes, classe que deveria ser representada por toda a população brasileira – inclusive os próprios médicos e gestores da área da saúde.

Os representantes das operadoras de saúde exigiram maior economia e sintonia por parte dos médicos e hospitais, maior eficiência dos profissionais, menor desperdício por parte dos pacientes, além de uma padronização de procedimentos e custos entre as instituições.

Por outro lado, os hospitais criticam a atuação das operadoras de saúde: “os hospitais estão submissos - estamos recebendo ordens das operadoras lesivas aos interesses de nossas instituições, reagindo isoladamente ou em pequenos grupos e, com isso, cedendo grandes espaços”, explica Cláudio Seferin, diretor superintendente do Hospital Mãe de Deus (RS).

Seferin afirma que as operadoras de planos de saúde buscam baixar custos referenciando redes de serviços por menor preço. “Isso pode ser fatal para o segmento”, ressalta. Gestores hospitalares e representantes da classe médica também criticaram a ausência de regras claras entre as operadoras, prejudicando muitas vezes o segmento da população que mais cresce em todo o mundo: a terceira idade.

Outra acusação às operadoras é a falta de respeito ao profissional da saúde. Segundo o vice-presidente da ANAHP, Adriano Londres, há dez anos, foi feito um levantamento de quanto custava uma consulta médica. As operadoras chegaram a um valor equivalente a R$ 29,00. De acordo com a inflação, essa remuneração hoje deveria estar entre R$ 60,00 e R$ 65,00. Porém, o panorama atual é outro: um médico brasileiro é reembolsado com R$ 30,00, em média, por consulta, pelas operadoras de saúde.

Já para o presidente da Confederação Nacional de Saúde, José Carlos de Souza Abrahão, um dos fatores que mais contribuíram para o sucateamento da saúde brasileira é a falta de qualificação dos médicos. “O Brasil possui o maior número de escolas de medicina em todo o mundo – e isso é muito preocupante, pois a realidade reflete interesses políticos e não a necessidade da população”, argumenta. “As faculdades de medicina estão jogando no mercado profissionais despreparados”, ressalta Abrahão.

Além do despreparo na graduação e da falta de reciclagem profissional devido à concorrência acirrada no mercado e à falta de tempo (já que grande parte dos médicos brasileiros trabalha em mais de um emprego para sobreviver), os profissionais da saúde vivem um grande dilema, depois do domínio das operadoras de saúde no setor.

De acordo com o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Carlos Machado Curi, o Brasil vive hoje um período de “judicialização da saúde”, com o aumento alarmante das demandas judiciais. Ele explica o fator com dois motivos principais: o primeiro é o excesso de especialização dos médicos. “Um bom especialista deve ser, antes de tudo, um grande generalista”, defende.

Além disso, Curi aponta o dilema ético em que os médicos vivem atualmente: “eles devem escolher entre prestar um atendimento de excelência ao paciente ou ceder às pressões das operadoras, que ameaçam os médicos ‘improdutivos’ com o mecanismo de descredenciamento”, afirma.

Soluções Imediatas

Durante apresentação no 7° Fórum da Anahp, o diretor superintendente do Hospital Mãe de Deus (RS), Cláudio Seferin, explicou que os hospitais têm que ser competentes e eficazes na hora de garantir suas margens de lucro e comercialização. “Nesse cenário, os hospitais terão as maiores perdas de patrimônio e conhecimento. Estamos mais expostos aos riscos”. Na outra ponta, o crescimento pífio da economia, aliado ao crescimento acelerado dos custos da saúde, pode trazer uma onda de quebradeira para os hospitais brasileiros que enfrentam uma séria crise de financiamento.

O modelo atual de remuneração passa por problemas. O chamado fee for service (ou pagamento por serviços) está desgastado. Segundo o executivo, só falta coragem para que os hospitais privados comecem a adotar a remuneração por performance (pay for performance), considerada o modelo ideal para pagamento, já que vislumbra não só o atendimento ao paciente (em volume), mas essencialmente os resultados da assistência.

Seferin acredita que uma outra solução para ampliar a rentabilidade do mercado é compartilhar riscos entre os agentes atuantes no setor (hospitais, operadoras de planos de saúde, e médicos). São poucas as instituições no Brasil que adotam a estratégia. “Mudar a forma de remuneração é imprescindível”, ressalta.

O presidente da Anahp, José Antônio de Lima, presidente do Hospital Samaritano (SP), declarou que é necessário sair do protecionismo “intramuros” e estender ações coletivas para o segmento. “Os hospitais devem se preparar para soluções compartilhadas, que mobilizem todos os players”, disse. Segundo ele, é fundamental que os executivos deste mercado comecem a atuar de forma política. Lima criticou fortemente o atual Governo: “O Brasil ficou parado nos dois últimos anos por conta da apuração das denúncias de corrupção e os dois anteriores na preparação dessa corrupção”, afirma.

Para o vice-presidente da Anahp e diretor da Clínica São Vicente (RJ), Adriano Mattheis Londres, as parcerias público-privada (PPP) terão que crescer no País para atender a carência de saúde do Estado. Ele ressalta, porém, que sem um plano governamental, estes esforços não seriam suficientes para sanar a crise da saúde. “Saúde ainda não é prioridade no Brasil”, afirma. “Prova disso, é o volume de impostos cobrados”. Segundo Londres, é um absurdo comercializar uma flor sem nenhum centavo de ICMS e, por outro lado, uma tomografia tem que arcar com uma taxa de 18% de ICMS. “Falta uma tributação justa a uma atividade tão essencial, como a saúde”, ressalta Londres.

Já o vice-presidente executivo do Grupo VITA, Francisco Balestrin, destacou a importância do processo de acreditação nos hospitais. “O sistema de saúde brasileiro precisa reavaliar seus processos focando-os em resultados, que só podem ser avaliados se definirmos os indicadores daquilo que entendemos como os melhores para nossas atividades. Sem eles, não conseguiremos medir coisa alguma e continuaremos a direcionar nossas ações por meio da intuição”, explica.

O diretor de normas e habilitação de operadoras da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Alfredo Luis de Almeida Cardoso, afirmou ainda que o incentivo às instituições de saúde, sejam elas públicas ou privadas, a implantarem processos de gestão de qualidade pela metodologia da acreditação, é uma importante iniciativa. “Todas as organizações envolvidas com o segmento da saúde  - operadoras, prestadores de serviços e organismos reguladores - deveriam introduzir as boas práticas da gestão corporativa em suas atividades, focando-as em resultados, não somente os econômicos, como algumas insistem em fazê-lo”, declara.

Porém, a aposta do setor médico-hospitalar para viabilizar a saúde é o desenvolvimento da inteligência de gestão, que possibilite a prática da boa medicina, aliada à racionalização dos recursos. Uma das soluções apontadas pelos executivos do setor é a composição de redes integradas de prestadores de serviços. Atualmente, a estratégia já é colocada em prática, mas tendo apenas um grupo de acionistas. Nem todos os hospitais estão estruturados para criar sua própria rede. “Quem não tem estrutura tem que se organizar em redes conjuntas. Se conseguirmos atuar em redes, seremos mais atrativos comercialmente”, explica Cláudio Seferin. No entanto, ele afirma que ainda há barreiras de informação. “Não conhecemos nem quem compra os nossos serviços. Essa barreira entre cliente e hospital fragiliza nossas estruturas”, conta.

O presidente da Confederação Nacional de Saúde, José Carlos de Souza Abrahão acredita que a implantação do TISS (Troca de Informação na Saúde Suplementar), uma iniciativa inovadora da ANS, venha para sanar esse problema. “Quem sabe, iniciaremos uma nova era de controle do desperdício na saúde”, afirma.

Anahp lança revista de indicadores hospitalares

O mercado suplementar de saúde está num momento recessivo e tem que buscar rentabilidade. A Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) divulgou durante a 7ª edição do Fórum da entidade, um estudo inédito, que apontou os indicadores de desempenho econômico-financeiro dos 34 hospitais privados associados.

No ano passado, o grupo composto pelos principais hospitais particulares do País, teve receita de R$ 4.5 bilhões. Em 2002, esse valor era de R$ 2,09 bilhões. Segundo o presidente da associação, José Antônio de Lima, o incremento se deve principalmente à inflação de materiais e medicamentos, que também compõem a receita dos hospitais. “Os reajustes são praticamente diários. Além disso, novos materiais também encarecem o custo da assistência”, ressalta.

Lima contou que o investimento em medicina de alta complexidade também colaborou para o acréscimo da receita. As ampliações de leitos de unidades de terapias intensivas, que têm um custo mais alto, novos produtos, ampliação da cobertura e novas incorporações tecnológicas também integram os motivos para o crescimento.

O estudo apontou também que o número de funcionários que atuam nestas instituições, divididas em 9 estados, aumentou 7,3% em 2005, em comparação com o ano anterior, passando a contar com 40,7 mil empregos diretos.

Segundo o vice-presidente da ANAHP, Adriano Londres, o estudo visa estimular a troca de experiência entre os hospitais, evitando desta forma uma “competição predatória”. Os dados serão utilizados para a gestão da informação e serão distribuídos para todo o setor. “Por mais eficiente que o hospital seja, um dia ele acabará pagando pela ineficiência da cadeia produtiva do setor. Então, não adianta trabalhar de forma isolada”, conclui.

Mais informações sobre o estudo podem ser encontradas no site da entidade www.anahp.org.br.

A Anahp

Atualmente, a Anahp reúne 34 hospitais particulares, líderes em qualidade e excelência no atendimento. Fundada em 2001, a associação tem por objetivo defender os interesses e necessidades do setor e expandir as melhorias alcançadas pelas instituições privadas para além das fronteiras da saúde suplementar, favorecendo a todos os brasileiros.

De um universo de 7.543 hospitais, a Anahp representa apenas 0,3%, mas 15% da receita da área da saúde passam pelos associados. Segundo o presidente da associação, José Antônio de Lima, a prioridade da entidade é com a relação á qualidade e não quantidade. Para fazer parte da Anahp, o hospital precisa ter Certificado de Acreditação ou estar em processo para obtenção. “É um dever da Anahp incentivar a levar a excelência para seus associados”, disse o presidente.

Associados da Anahp:

SP – Hospital Israelita Albert Einstein; Hospital do Coração; Hospital Samaritano; Hospital Santa Catarina; Hospital Sírio Libanês; Hospital Nove de Julho; Hospital e Maternidade São Camilo Pompéia; Hospital e Maternidade São Lucas; Hospital e Maternidade São Luiz; Hospital e Maternidade Santa Joana; Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Hospital Vivalle; Hospital e Maternidade Brasil; Hospital Nossa Senhora de Lourdes.

RJ – Casa de Saúde São José; Clínica São Vicente; Hospital Pró-Cardíaco; Hospital VITA Volta Redonda.

PE – Hospital Santa Joana; Real Hospital Português de Beneficência; Hospital Memorial São José; Hospital Esperança.

PR – Hospital VITA Curitiba; Hospital Nossa Senhora das Graças.

RS – Hospital Mãe de Deus; Hospital Moinhos de Vento.

DF – Hospital Anchieta; Hospital Santa Luzia.

BA – Hospital Aliança; Hospital Português.

GO – Hospital Santa Genoveva.

MT – Hospital Santa Rosa.

MG – Hospital Mater Dei; Hospital Monte Sinai.


Autor: Redação
Fonte: Paranashop

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