
Doenças sexualmente transmissíveis (DST) e pressões do grupo em decorrência delas podem ter sido responsáveis pelo incentivo à monogamia e pela punição à poligamia entre os humanos pré-históricos. É o que aponta uma pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, com parceria do Instituto Max Plack de Antropologia Evolucionária.
Segundo o trabalho, publicado na Nature Communications, conforme os caçadores-coletores passaram a viver em grupos maiores, com o advento da agricultura, a propagação de DSTs tornou-se uma realidade desagradável. Isso teria levado ao surgimento de normas sociais que favoreciam a monogamia.
Os pesquisadores utilizaram técnicas de modelagem computacional para simular a evolução de diferentes comportamentos de acasalamento em populações humanas com base em parâmetros demográficos e de transmissão de doenças. No artigo com os resultados, eles comentam que os modelos matemáticos são úteis não apenas para prever o futuro, mas também para compreender o passado.
Entre os caçadores-coletores, que viviam em sociedades com no máximo 30 indivíduos sexualmente maduros, os homens tinham filhos com várias parceiras para aumentar seu número de descendentes. Nesses grupos, as DST tinham curta duração e não afetavam tanto o coletivo, segundo os autores.
Mas, conforme as populações tornaram-se maiores, a presença de DSTs pode ter diminuído as taxas de fertilidade dos indivíduos com múltiplos parceiros. De acordo com as simulações, as taxas de sífilis, gonorreia e clamídia deviam ser altas nessa época. Assim, mudar o comportamento sexual teria trazido vantagem para o grupo.
Para os pesquisadores, as DSTs pode não ter sido o único, mas um dos fatores a incentivar a monogamia. Outras questões, como a escolha das mulheres, a evolução tecnológica e até o estresse podem ter interferido também.