A morte da estudante de Medicina que estava infectada pelo vírus H1N1 ainda é cercada de dúvidas. Segundo colegas da jovem, que tinha 22 anos e estudava na UFSM, ela fez uma peregrinação em busca por socorro.
Conforme uma amiga, a jovem apresentou os sintomas na segunda-feira da semana passada, depois que voltou de um encontro de cursos de Medicina, realizado em Criciúma (SC).
– Falei com ela para oferecer carona, porque estava chovendo e tínhamos aula longe. Ela disse que não iria porque estava cansada. Na terça, ela também não foi na aula e, na quarta, disse que estava vomitando, com febre e dor – conta a amiga, que pediu para não ser identificada.
Segundo essa mesma colega, por volta das 16h daquela quarta-feira, ela recebeu uma mensagem da amiga dizendo que havia ido ao Pronto-Socorro do Husm.
– Fui buscar minha amiga por volta das 21h. Uma doutoranda a segurou lá porque o plantão terminava às 19h30min, e o próximo médico poderia atendê-la. Mas ele só olhou para ela e a mandou embora – conta.
Ainda segundo a colega, ela deixou a jovem em casa e, depois, recebeu nova mensagem, na quinta pela manhã, quando a jovem contou que havia voltado sozinha ao PS do Husm, por volta das 5h, e que não havia médico disponível. Depois, a mãe de uma outra colega teria levado a jovem até o Hospital da Guarnição do Exército, onde, depois, o pai dela, que é militar e mora em Porto Alegre, chegou. Lá, a estudante também teria sido liberada sem um diagnóstico correto.
O último contato entre as amigas foi no início da tarde de quinta. A estudante mandou nova mensagem à amiga contando que estava em um consultório de uma infectologista para uma consulta. Depois disso, ela foi internada no Hospital de Caridade e não visualizou mais as mensagens da amiga. Ela morreu na tarde seguinte.
O que dizem:
– A assessoria de comunicação da 3ª Divisão de Exército disse que não tem conhecimento de um atendimento da jovem no HGu. O hospital não quis se manifestar.
– A Superintendência do Husm solicitou à Gerência de Atenção à Saúde informações sobre o atendimento. Segundo o Husm, ela foi atendida logo que chegou ao PS, foi medicada e permaneceu em observação.
– A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar se houve omissão de socorro por parte dos médicos. Uma pessoa foi interrogada e foram requisitados ao Husm os nomes dos profissionais responsáveis pelos atendimentos.