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Uso de antipsicóticos para indicações não aprovadas é comum e preocupante
 
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23/09/2009

Uso de antipsicóticos para indicações não aprovadas é comum e preocupante

Nova pesquisa mostra que uso sem indicação aprovada de antipsicóticos em uma população de veteranos norte-americanos aumentou em 60 %

Nova pesquisa mostra que uso sem indicação aprovada de antipsicóticos em uma população de veteranos norte-americanos aumentou em 60 % - um achado que levanta a questão se este é um tratamento ótimo e se represente um uso apropriado de recursos do sistema de saúde.

Um estudo que examinou dados nacionais do Department of Veterans Affairs mostra que entre 279.778 veteranos que receberam medicação antipsicótica no ano fiscal de 2007, 163.442 (60,2%) não tinham registros de diagnósticos para os quais essas drogas foram aprovadas.

“Nós achamos muito impressionante que tal proporção de pacientes que tomavam essas drogas não tinha diagnóstico que indicasse seu uso – isto é, esquizofrenia e transtorno bipolar – e que esta taxa é significativamente maior do que uso sem indicação de outras classes de drogas”, disse o pesquisador principal Douglas L. Leslie, PhD, do Department of Public Health Sciences, Penn State College of Medicine, Hershey, Pensilvânia, à Medscape Psychiatry.

Um dos perigos dessa prática a partir de uma perspectiva da saúde pública é que esta usa recursos que poderiam ser potencialmente empregados de outras formas. Além disso, nós aprendemos na última década que os efeitos colaterais associados aos antipsicóticos atípicos, como ganho de peso, risco aumentado de diabetes e problemas cardiovasculares, são significativos.

“Uma vez que a evidência da efetividade dessas drogas para outras indicações psiquiátricas é muito incompleta, talvez elas devam ser usadas com maior precaução”, acrescentou Dr. Leslie.

Implicações no custo

Sendo um dos pesquisadores envolvidos no Clinical Antipsychotic Trial of Intervention Effectiveness for Alzheimer's Disease (CATIE-AD), que não observou diferença entre antipsicóticos atípicos e placebo ao tratar sintomas neuropsiquiátricos entre pacientes com doença de Alzheimer, Dr. Leslie disse que ficou interessado em saber mais sobre o uso sem indicação dessas medicações.

“O uso de antipsicóticos na doença de Alzheimer é muito prevalente, embora haja pouca evidência que apóie seu uso. Os resultados do estudo CATIE mostraram que antipsicóticos atípicos não foram superiores ao placebo. Então, isso nos fez pensar sobre a quantidade de outros usos sem indicação que estava ocorrendo e como nós podemos resolver esse problema”, disse Dr. Leslie.

Os autores observam que antipsicóticos atípicos atualmente estão sendo usados sem indicação para tratar várias condições, mais comumente agitação na demência, depressão, transtorno compulsivo obsessivo, transtorno do estresse pós-traumático, síndrome de Tourette e autismo.

Além disso, os pesquisadores enfatizam que se sua estimativa de que 60% do uso de antipsicóticos, na verdade, não tem indicação, então isso significaria que aproximadamente “$4 a $5 bilhões de dólares gastos em antipsicóticos em 2007 podem ter sido gastos com o uso dessas medicações sem indicação, com pouco ou nenhum benefício clínico documentado e risco substancial de efeitos colaterais adversos”.

Embora poucos estudos anteriores tenham analisado essa questão, eles não são ideais, pois se tornaram antigos ou porque dependeram de auto-relato para informação diagnóstica, disse Dr. Leslie.

O presente estudo, ele disse, é baseado nos dados atuais e oferece estimativas mais precisas, pois é fundamentado em registros reais da prescrição.

Doses para uso sem indicação são baixas

Para determinar a prevalência do uso sem indicação de medicamentos antipsicóticos e a doença mental no sistema de saúde do VA, e explorar as características sócio-demográficas e clínicas associadas a esse tipo de uso, os pesquisadores usaram informações do banco de dados administrativos nacionais do VA.

Os pesquisadores identificaram todos os veteranos que receberam uma medicação antipsicótica durante o ano fiscal de 2007. Eles voltaram e procuraram os diagnósticos dos participantes. Aqueles que tinham diagnóstico de esquizofrenia ou transtorno bipolar foram classificados como usuários com indicação, e aqueles com qualquer outro diagnóstico foram considerados usuários sem indicação.

Quando os pesquisadores analisaram as características dos usuários sem indicação, eles observaram que mais que 40% dos pacientes com prescrição para medicações antipsicóticas sem uso aprovado foram diagnosticados com transtorno do estresse pós-traumático. Outros diagnósticos comuns entre esses usuários incluíram depressão leve (39,5%), depressão maior (23,4%), transtorno de ansiedade (20%), uso de álcool ou dependência (15,1%) e abuso de droga ou dependência (12,6%).

Em uma taxa de 42,9%, quetiapina (Seroquel, AstraZeneca) foi o antipsicótico mais prescrito entre os usuários sem indicação, seguido por risperidona (Risperdal, Janssen Pharmaceuticals) e antipsicóticos de primeira geração em 21,2% e 20,5%, respectivamente. Além disso, os pesquisadores observaram que as doses dos antipsicóticos foram baixas.

Modelos de regressão logística revelaram que pacientes diagnosticados como tendo outras psicoses ou demência tinham probabilidade maior de receber um antipsicótico para uso não aprovado.

Doenças desafiadoras

Embora o estudo não tenha sido desenhado para determinar os fatores que levaram ao uso de antipsicóticos sem indicação, Dr. Leslie especulou que o desafio de tratar indivíduos com transtorno da saúde mental provavelmente desempenha algum papel.

“O fato é, tratar doença mental pode ser muito difícil. Então, quando um médico tentou todas as outras ferramentas no seu arsenal, pode ser muito tentador usar outro agente para ver se ele funciona, mesmo se a ciência não está lá para apoiar essa decisão clínica”, ele disse.

Mais pesquisas são necessárias para reproduzir esses achados em uma população geral e para determinar se existe alguma base científica para prescrever essas medicações em condições que não sejam aprovadas pela Food and Drug Administration norte-americana.

Enquanto isso, Dr. Leslie disse, os médicos que prescrevem essa medicação sem indicação precisam pesar cuidadosamente os riscos contra os benefícios potenciais.

Dr. Leslie não declarou relações financeiras relevantes. Declaração de conflito de interesse de outros autores pode ser vista no estudo.


Autor: Caroline Cassels
Fonte: MedCenter MedScape

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