No último dia 5, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) se tornou o primeiro hospital público do Brasil a fazer o implante de um marcapasso no esfíncter esofágico para tratamento do refluxo gastroesofágico (DRGE), doença presente em cerca de 20% da população brasileira. A Terapia por Estimulação Elétrica do Esfíncter Esofágico Inferior - Endostim, que chegou recentemente ao Brasil, funciona de forma similar ao marcapasso cardíaco, estimulando eletricamente o esfíncter, uma válvula que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha, imediatamente, para impedir que o suco gástrico atinja o esôfago. Nos pacientes com DRGE, o esfíncter funciona de maneira ineficiente.

O procedimento é indicado para pessoas que não conseguiram resolver o problema do refluxo apenas com medicamentos, mas também não têm indicação cirúrgica. “O tratamento estimula o esfíncter a se contrair, fazendo com que o refluxo não ocorra. Os trabalhos clínicos sobre o EndoStim demonstram que 90% dos pacientes que fizeram a implantação não tomam mais nenhuma medicação. Atualmente há centenas de pacientes tratados no mundo e a expectativa é de realizar cerca de 50 procedimentos ainda esse ano no Brasil”, afirma o chefe do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HCPA, professor Richard Gurski.

No Hospital de Clínicas, quem recebeu o primeiro marcapasso foi uma paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento aconteceu sem intercorrências e a paciente teve alta em 24 horas. Por ser uma tecnologia nova, o EndoStim ainda não está disponível no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e nem pelo SUS – o material utilizado no Clínicas foi doado pela fabricante.