
Sintomas pré-menstruais afetam a vida de muitas mulheres. Admite-se que até 90% sofram com pelo menos 1 sintoma físico ou emocional antes das regras e que até 15% tenham sintomas tão intensos que as incapacitem para as atividades diárias. Apesar das teorias biológicas, muito relacionadas às flutuações hormonais e dos neurotransmissores e das teorias comportamentais e psicológicas, que implicam o estresse emocional, existem dúvidas sobre a origem do problema.
Um estudo recente com quase 3 mil mulheres, com média de idade de 46 anos, revela novas explicações para esta síndrome: o destaque recai sobre o processo inflamatório. No início do estudo as mulheres foram classificadas quanto à presença ou não dos diferentes tipos de sintomas, que posteriormente foram classificados em 5 grupos: mudança de humor; dor abdominal/muscular; aumento do apetite/ganho de peso; dor mamária e cefaléia. Nesta ocasião, foram mensurados os níveis de proteína C reativa, um marcador da inflamação. Resultado, exceto para a cefaléia, todos os demais grupos de sintomas se associaram com maiores níveis de proteína C reativa, um importante marcador do processo inflamatório.
A hipótese é que a inflamação precede o surgimento de sintomas pré-menstruais. Se isso for verdade, a Síndrome pré-menstrual está na companhia de outras doenças crônicas, tais como hipertensão arterial, diabetes e doença coronariana. Já se sabe, por exemplo, que mulheres com a Síndrome tem , de fato, maior risco de desenvolver hipertensão, na comparação com mulheres sem os sintomas. Assim se as futuras pesquisas confirmarem esta hipótese, novos tratamento visando a redução do processo inflamatório teriam o potencial de também prevenirem as outras doenças crônicas, que habitualmente surgem mais tarde na vida das mulheres. Se isso acontecer dá para imaginar que as mulheres que sofrem com queixas pré-menstruais vão ter pelo menos mais um bom motivo para se tratarem. Será um caso típico de fazer um tratamento e prevenir duas ou mais doenças.
(Bertone-Johnson E. Chronic inflammation and premenstrual syndrome: a missing link found?. J Womens Health 2016).