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Pesquisa traz mudança de paradigma no tratamento da hipertensão
 
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15/02/2017

Pesquisa traz mudança de paradigma no tratamento da hipertensão

Estudo sugere nova maneira de prevenir e de tratar a doença

A maior causa de morte, em todo o mundo, são as doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial - popularmente conhecida como pressão alta - é o principal fator de risco na grande maioria dos casos. Atualmente, para uma pessoa ser considerada hipertensa e começar o tratamento, sua pressão arterial deve ser maior ou igual a 140/90 mmHg (ou 14 por 9). No entanto, um estudo de âmbito nacional, que teve o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) como centro coordenador, mostrou que o tratamento, quando iniciado ainda na fase de pré-hipertensão (valores entre 120/80 mmHg e 139/89 mmHg), reduz drasticamente o risco de o paciente desenvolver hipertensão no futuro. O Estudo PREVER, como foi batizado, também mostrou que a combinação de dois diuréticos, para o tratamento da pressão alta, é mais eficaz e mais barata que um dos medicamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Programa Farmácia Popular. De acordo com os coordenadores do estudo, Sandra Fuchs e Flávio Fuchs, o PREVER pode se tornar uma importante base para mudanças nas diretrizes nacionais e internacionais sobre hipertensão. Os resultados completos da pesquisa foram apresentados em coletiva de imprensa, realizada hoje (14/02) no HCPA.

Com início em 2008, o projeto é o maior já realizado sobre o assunto no Brasil e inclui dois estudos independentes: o PREVER-1 (Prevenção) e o PREVER-2 (Tratamento). No primeiro, os pesquisadores queriam descobrir se era possível prevenir a hipertensão utilizando medicamentos anti-hipertensivos em baixa dose. No segundo, eles investigaram se o tratamento anti-hipertensivo com diuréticos seria superior ao tratamento com losartana, medicamento hoje oferecido pelo Programa Farmácia Popular. “Nossas evidências mostraram que estamos passando da hora de rever as diretrizes sobre hipertensão”, conclui o professor Flávio. “Nós estamos fornecendo os dados científicos. Agora é o momento de os governantes pensarem em políticas públicas de saúde”, explica a professora Sandra.

No total, 21 centros de pesquisa, em geral ligados a universidades, participaram do projeto. Situados em dez estados, esses centros foram os responsáveis pela avaliação de mais de 18 mil voluntários. Ao final, cerca de 700 pessoas foram selecionadas para cada um dos estudos. “É importante que a comunidade tenha conhecimento desses dados, pois eles podem mudar a vida das pessoas”, afirma a presidente do Clínicas, professora Nadine Clausell.

Sobre o PREVER-1

Neste estudo, foram considerados elegíveis aqueles participantes com idade entre 30 e 70 anos, pré-hipertensos e sem doenças crônicas. Dos 18 mil avaliados inicialmente, 1.443 foram selecionados e aceitaram mudar seu estilo de vida (perdendo peso, consumindo mais alimentos saudáveis e reduzindo a quantidade de sal, praticando atividade física, reduzindo ou cessando o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro). Passados três meses, 730 voluntários ainda permaneciam pré-hipertensos e elegíveis para o estudo. Esses participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu o tratamento com uma associação de diuréticos (clortalidona + amilorida) em baixa dose e o segundo recebeu placebo. Os participantes eram acompanhados a cada três meses.

Após 18 meses, os participantes do primeiro grupo tiveram incidência de hipertensão arterial reduzida em quase 45%, em comparação com os participantes que tomaram placebo. Além disso, e pela primeira vez na literatura científica, demonstrou-se que o tratamento com diuréticos diminuiu a massa do coração - quando ela fica espessa, há risco maior para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

“Nossos dados, assim como as evidências trazidas pelo estudo internacional Sprint, poderiam ser a base de uma iniciativa inovadora em saúde pública: a de começar o tratamento anti-hipertensivo a partir de valores de pré-hipertensão, utilizando as baixas doses de diurético empregadas em nosso estudo”, afirma a coordenadora do PREVER Prevenção, professora Sandra Fuchs.

Sobre o PREVER-2

Neste estudo, foram selecionados 655 participantes com hipertensão arterial estágio I (entre 140/90 e 159/99 mmHg) entre os 18 mil avaliados inicialmente. Aqui, os voluntários também foram divididos em dois grupos: o primeiro utilizou uma associação de diuréticos (clortalidona + amilorida) e o segundo ingeriu losartana, medicamento oferecido pelo Programa Farmácia Popular. Os participantes tinham consultas a cada três meses e, se a pressão não tivesse reduzido, a dose do medicamento anti-hipertensivo era dobrada e na consulta seguinte era acrescentado novo medicamento.

Ao final de 18 meses, os participantes do grupo que recebeu clortalidona + amilorida obteve redução de 2,3 mmHg na pressão sistólica, em comparação com o grupo que recebeu losartana. Além disso, mais pessoas do segundo grupo necessitaram de dose maior de anti-hipertensivo e de mais medicamentos para controlar a pressão arterial.

“O estudo foi feito porque suspeitava-se que a losartana fosse menos eficaz e foi a essa conclusão que chegamos. Os diuréticos deveriam ter preferência no manejo da hipertensão arterial, especialmente essa combinação que utilizamos no estudo. Ela inclusive poderia ser disponibilizada na Farmácia Popular, já que o custo é inferior a um terço do da losartana”, explica o coordenador do estudo PREVER Tratamento, professor Flávio Fuchs.

Fontes

- Sandra C. Fuchs

Professora Titular da Faculdade de Medicina da Ufrgs, Pesquisadora 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), atuando no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e co-líder do Estudo PREVER.

- Flávio Fuchs

Chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, professor​ titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Ufrgs, pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e co-líder do Estudo PREVER. 


Autor: Camila Schäfer
Fonte: HCPA
Autor da Foto: Clóvis Prates

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