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Fumo pode ser responsável por baixa expectativa de vida nos EUA
 
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29/09/2009

Fumo pode ser responsável por baixa expectativa de vida nos EUA

Samuel H. Preston, analisou de perto o crescente corpo de dados internacionais sobre saúde nos EUA

Se você não for rico e ficar doente, em qual país industrializado você terá a maior probabilidade de obter o melhor tratamento? A resposta convencional a essa pergunta tem sido: em qualquer lugar exceto os Estados Unidos. Com muitos cidadãos sem seguro e expectativa de vida relativamente baixa, os Estados Unidos têm sido relegados às últimas posições nas pontuações de saúde internacional.

Mas um eminente pesquisador, Samuel H. Preston, analisou mais de perto o crescente corpo de dados internacionais sobre saúde e descobriu que não há evidências de que o sistema de assistência médica americano seja culpado pela diferença de longevidade entre os EUA e outros países industrializados. Na verdade, ele conclui, o sistema americano, em muitos aspectos, fornece tratamento superior mesmo quando americanos sem seguro de saúde são incluídos na análise.

"Os EUA na verdade fazem um trabalho bom em identificar e tratar as principais doenças", disse Preston, um demógrafo da Universidade da Pensilvânia que está entre os especialistas líderes em índices de mortalidade decorrentes de doenças. "As comparações internacionais não mostram que estamos em apuro terrível."

Ninguém nega que o sistema de saúde americano tenha problemas, incluindo seus custos extremamente elevados e tratamentos desnecessários. Mas Preston e outros pesquisadores dizem que os custos não se devem somente à ineficiência. Os americanos pagam mais por assistência médica em parte porque recebem tratamentos mais completos para algumas doenças e em parte também porque adoecem com mais freqüência do que a população da Europa e de outros países industrializados.

A expectativa de vida de um americano no nascimento é de mais ou menos 78 anos, idade inferior à da maioria dos países ricos. A expectativa de vida do Reino Unido é de cerca de 80 anos, 81 no Canadá e na França e 83 no Japão, segundo a Organização Mundial de Saúde.

A diferença de longevidade, Preston diz, deve-se primordialmente aos índices relativamente altos de doença e morte entre americanos de meia-idade, principalmente decorrentes de doenças do coração e câncer. Muitas dessas mortes têm sido atribuídas ao sistema de assistência médica, um alvo especialmente conveniente para aqueles que são a favor da alternativa europeia.

Mas existem muito mais diferenças entre a Europa e os Estados Unidos do que apenas o sistema de saúde. Os americanos têm uma diversidade étnica maior. Eles consomem alimentos diferentes. Eles são mais gordos. Talvez o mais importante, eles costumavam ser fumantes em grau excepcionalmente alto.

Durante quatro décadas, até meados dos anos 1980, o consumo de cigarro per capita era maior nos Estados Unidos (particularmente entre mulheres) do que em qualquer outro lugar no mundo desenvolvido. Preston e outros pesquisadores calcularam que se as mortes decorrentes do cigarro fossem excluídas, os Estados Unidos ficariam na metade superior das classificações de longevidade de países desenvolvidos.

Atualmente, a diferença na longevidade começa no nascimento e persiste até a meia-idade, mas acaba desaparecendo posteriormente. Se você chegar aos 80 nos Estados Unidos, sua expectativa de vida será maior do que na maioria dos países desenvolvidos. Os Estados Unidos estão aparentemente fazendo algo certo por sua população idosa, mas o quê?

Uma resposta frequente tem sido o programa de saúde Medicare. Sua cobertura universal para pessoas acima de 65 anos muitas vezes foi considerada responsável por diminuir a diferença de longevidade entre os Estados Unidos e outros países desenvolvidos.

Mas quando Preston e uma colega da Universidade da Pensilvânia, Jessica Y. Ho, analisaram os índices de mortalidade em 1965, antes do Medicare entrar em vigor, eles descobriram uma versão ainda mais evidente do padrão de hoje: pessoas de meia-idade morriam com muito mais frequência nos Estados Unidos do que em outros países desenvolvidos, mas a diferença de longevidade diminuía com a idade de maneira ainda mais rápida do que a atual. Nessa época anterior ao Medicare, um americano que chegasse aos 75 anos tinha uma expectativa de vida maior do que a da maioria das pessoas de outros países.

Além do cigarro, é possível que haja muitas outras razões para a saúde especialmente ruim dos americanos de meia-idade. Mas Preston diz não ter visto evidência das muito citadas suposições de que a assistência médica precária é responsável por mais mortes evitáveis nos Estados Unidos do que em outros países desenvolvidos. (Confira nytimes.com/tierneylab para mais detalhes.)

Com todos os seus defeitos, o sistema de saúde americano é bom em alguns aspectos importantes quando comparado ao de outros países desenvolvidos, segundo Preston e Ho. Os americanos têm maior probabilidade de passar por exame de câncer, e uma vez que o câncer é detectado, eles têm maior probabilidade de sobreviver por cinco anos.

Já foi alegado que o índice de sobrevivência ao câncer parece ser mais longo nos Estados Unidos meramente porque a doença é detectada mais cedo, mas Preston diz que a detecção precoce em si já pode ser uma vantagem e que talvez os americanos também recebam tratamento melhor. Ele e Ho concluem que os índices de mortalidade de câncer de mama e próstata diminuíram significativamente mais rápido nos Estados Unidos do que em outros países industrializados.

Os americanos também se saem relativamente bem na sobrevivência a ataques cardíacos e derrames, e alguns estudos descobriram que a hipertensão é tratada com mais sucesso nos Estados Unidos.

Em comparação aos europeus, os americanos têm maior probabilidade de receber medicação quando possuem doença cardíaca, colesterol alto, doença pulmonar ou osteoporose. Mas mesmo se o sistema de saúde americano de fato fornecer mais tratamento a mais pessoas doentes, será que ele poderia fazer algo para reduzir seu volume de trabalho?

Quando mostrei o trabalho de Preston a Ellen Nolte e C. Martin McKee, dois eminentes críticos europeus do sistema de saúde americano, eles sugeriram que Preston tinha uma visão muito limitada da assistência médica. Segundo eles, o sistema deveria ter a responsabilidade de prevenir doenças, não apenas tratá-las.

Preston reconhece que os Estados Unidos podem fazer mais para evitar que pessoas jovens e de meia-idade fiquem doentes, mas ele afirma que não está claro se os sistemas de saúde de outros países são mais efetivos. "Os EUA tiveram uma conquista espetacular na medicina preventiva", ele diz. "Tivemos a maior queda no consumo de cigarros por adulto do que qualquer país desenvolvido desde 1985."

Se os americanos continuarem evitando o cigarro, a diferença de longevidade pode diminuir a despeito do que acontecer com o sistema de saúde.


Autor: The New York Times. Tradução: Amy Traduções
Fonte: Terra Ciência

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