As doenças cardiovasculares são líderes de mortes no Brasil e vem aumentando entre as mulheres. Elas representam 29% dos óbitos e, nos primeiros meses do ano, foram responsáveis por mais de 60 mil mortes, segundo o Cardiômetro da Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC (www.cardiometro.com.br). As doenças do coração matam duas vezes mais que todos os tipos de câncer, 2,5 vezes mais que os acidentes e mortes decorrentes por violência e 6 vezes mais que as infecções, incluídas as mortes por Aids.
Pela primeira vez, o número de mulheres que morreram em consequência de um Acidente Vascular Cerebral - AVC passou o número de homens que perderam a vida pela mesma doença. Foram 50.252 mortes de mulheres contra 50.251 óbitos masculinos, levantados em 2015. Apesar de estatisticamente ser considerado 50%, a curva do gráfico é o que é relevante na análise. Nos últimos anos (de 2010 a 2015), as mortes por AVC em homens têm seguido um tendência de queda, enquanto nas mulheres, verificamos uma elevação quase constante. "A mulher tem duplas e até triplas jornadas, ao se dividir entre o trabalho, cuidado com os filhos e afazeres domésticos. Isso eleva o estresse, associado, muitas vezes, à falta de atividade física, má alimentação. Em algumas situações ainda há o tabagismo", explica a presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC, Marildes Luiza Castro.
Em relação aos infartos, as mulheres estão morrendo mais também. Há sessenta anos de cada 10 mortes, nove eram homens e apenas uma mulher. No último ano de dados disponíveis (2015) morreram 65.224 homens e 46.625 mulheres por infarto.
Para a presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher, é preciso ficar atento aos sintomas do infarto nas mulheres que são, em muitos casos, diferentes da clássica dor no peito relatada por homens, como náuseas, vômitos, dor nas costas e no pescoço, falta de ar e indigestão. Algumas hipóteses para essa diferenciação nos sintomas são as características biológicas, como variação hormonal; a negação ou subestimação do problema, o que dificultaria o diagnóstico e causaria atraso no tratamento; uma maior resistência à dor e fatores físicos e psicológicos, entre outros.