Dos 300 médicos contratados em caráter de urgência pela Prefeitura do Rio, para os quatro hospitais de emergência, em março, 100 já abandonaram o emprego devido às más condições de trabalho. O dado faz parte de relatório do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), que vistoriou unidades federais, estaduais e municipais e constatou carência de profissionais e superlotação de pacientes.
As vistorias foram entre agosto e setembro em dez hospitais do Rio. Segundo o secretário-geral do Cremerj, Pablo Vasques Queimadelos, dos 100 que saíram, cerca de 60 são clínicos gerais e mais de 20, pediatras. A maioria era do Hospital Souza Aguiar, no Centro.
O anúncio da contratação dos 300 profissionais, através da Fiocruz, fora feito no início do ano, em função do fechamento da emergência do Lourenço Jorge, na Barra, por três horas, devido à falta de médicos, em janeiro.
“O Souza Aguiar tem déficit de pediatras, neurocirurgiões e anestesistas. Pela falta de 8 intensivistas, o funcionamento do CTI pediátrico está comprometido. Além disso, faltam 16 clínicos”, declara.
Pablo disse que os recém-contratados recebem R$ 3 mil mensais por plantões de 24 horas semanais, o que não consideram boa remuneração. Segundo ele, a Secretaria Municipal de Saúde prometeu gratificação de R$1,5 mil, não paga.
A Secretaria informou que repõe continuamente os médicos que saem e pretende chamar, ainda esse ano, mais 206.
Três setores fechados
No Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, os setores de ortopedia, cirurgia plástica e ginecologia foram fechados pela falta de especialistas. Além disso, houve redução de 40% nos leitos. Já nas unidades federais, o principal problema são contratos irregulares e a falta de novos concursos. O Ministério da Saúde informou ontem que pretende contratar 4,3 mil profissionais ainda este ano. Já a Secretaria estadual de Saúde disse que também está investindo na contratação de mais profissionais via Ceperj, e que houve aumento de 51% no quadro de médicos desde 2007.