.
 
 
Música auxilia no tratamento de pacientes com câncer
 
Notícias
 
     
   

Tamanho da fonte:


03/02/2020

Música auxilia no tratamento de pacientes com câncer

Hospital Moinhos de Vento é o único em Porto Alegre a utilizar a metodologia

Foi por acaso que a professora Angélica Mattos de Oliveira começou a participar das sessões de musicoterapia do Hospital Moinhos de Vento. Aos 35 anos, ela descobriu que tinha câncer de mama e iniciou o tratamento. Mas devido a uma questão envolvendo o convênio, precisou trocar o dia da quimioterapia. Quando chegou à sessão seguinte, encontrou a turma do projeto tocando e cantando para os pacientes.

“Eu estava triste, desanimada. Mesmo tentando manter o alto astral, uma hora a gente fica mal. Mas as últimas sessões de quimio foram acompanhadas por música. Eu cantei, dancei, ri, chorei. É muito bom. Diminui a dor, a ansiedade”, conta Angélica, que traz a irmã Alice, de 12 anos, para participar das atividades.

Uma vez por semana, o silêncio ou as conversas num tom de voz mais baixo, característicos dos quartos e corredores de um hospital, é quebrado por notas musicais, vozes e até passos de dança. Desde maio de 2019, a musicoterapia foi incorporada às metodologias e técnicas auxiliares de tratamento contra o câncer no Hospital Moinhos de Vento. É a única instituição de Porto Alegre a oferecer essa opção aos pacientes.

Os benefícios sentidos por Angélica são confirmados pela coordenadora assistencial do Serviço de Oncologia, Taiana Saraiva. Segundo a enfermeira, outras pessoas também relatam diversas vantagens – como descontração, alívio da ansiedade, aumento da sensação de bem estar e diminuição da dor. “Muitos que participam em alguma ocasião das atividades pedem para voltar nos dias que a equipe da musicoterapia está no Centro de Oncologia. E para familiares e profissionais, o dia fica mais agradável. Eles nos contam que se sentem felizes ao observar que os pacientes estão mais alegres”, afirma. 

Doses de música e cuidados

A supervisora da Psicologia Assistencial, Júlia Schneider Hermel, destaca que a iniciativa integra o tratamento. Seria como prescrever uma medicação: tem dose, momento e indicação. “A música atua com uma ferramenta que outras técnicas e métodos da área da medicina e do cuidado não têm. É um agente cuidador na saúde”, aponta a psicóloga.

 Para cada paciente, o benefício é diferente. Para alguns, acalenta e alivia; para outros, anima e diverte. De acordo com Júlia, enfermeiros e psicólogos dizem aos musicoterapeutas o que cada paciente tem e qual a condição deles. Com essas informações, é possível pensar o estilo musical ou atividade apropriada para determinada pessoa, em seu contexto e sua etapa do tratamento. “É diferente quem recebeu o diagnóstico de quem está em tratamento. Alguns recebem intervenção pontual, outros são acompanhados por mais tempo”, explica.

O projeto é realizado por meio de um convênio entre o Hospital Moinhos de Vento e as Faculdades EST – Escola Superior de Teologia, única instituição a oferecer esse curso na grande Porto Alegre. O Grupo de Musicoterapia é supervisionado pelas professoras da graduação, e as atividades são desenvolvidas pelos alunos em estágio curricular. 

Planos para o futuro

Coordenadora do curso, Laura Franch Schmidt da Silva ressalta que a primeira experiência da turma dentro de um hospital já está dando resultados. “Há expectativa de esses pacientes sejam guerreiros, fortes, para enfrentar a doença. Mas é um momento no qual eles precisam também lidar com suas fragilidades. E a música ajuda nisso. Ajuda a colocar para fora, a expressar e a entender que isso faz parte do processo de luto e luta. Quando ele toca, canta e dança, ele se sente parte da vida e há perspectiva, futuro”, detalha.

São as perspectivas e planos para o futuro que mantêm Suellen Coscia Bueno, de 31 anos, firme e com um sorriso no rosto, apesar do tratamento pesado. Ela tem no pequeno Vitor, de 60 dias, a maior motivação. E na música, um apoio extra. “Sempre quis me manter positiva. A música me ajuda nisso. Deixa a mente livre e é um alívio para enfrentar as dificuldades desse momento”, ressalta.

Ela participa das sessões junto com o marido Cristiano e a irmã Chayenne – companhias essenciais nas atividades do Grupo de Musicoterapia. “E agora com filho e o transplante, em 2020 é ano novo e vida nova!”, planeja.

Laura cita o caso de Suellen como um exemplo de que a metodologia também é importante para os familiares. “Dá energia para quem está ali, na sala de espera, e que precisa estar bem e forte para cuidar de seu familiar paciente, mas ao mesmo tempo está sofrendo junto. Ressignifica a parte difícil de estar num hospital trazendo também sensações boas”, finaliza.

Acordes e histórias que tocam os profissionais

O projeto implantado em maio trouxe benefícios também para os profissionais do Hospital Moinhos de Vento que atuam nos setores nos quais o Grupo de Musicoterapia desenvolve atividades. A psicóloga Júlia revela que os colaboradores se mobilizam, e as equipes acabam tendo maior engajamento. “Eles se motivam mais a cuidar do paciente e disseminam essa prática em outras áreas. Melhora até as condições e o ambiente de trabalho”, salienta.

A equipe da Psicologia Assistencial do hospital está elaborando um projeto de pesquisa que medirá o impacto da metodologia na atuação e nas rotinas dos profissionais. Além disso, o plano é ampliar o projeto em 2020. No ano passado, o Grupo de Musicoterapia atendia pacientes oncológicos, da internação pediátrica e UTI Neo Natal.

Uma recomendação do Ministério da Saúde

A musicoterapia é uma recomendação do Instituto Nacional do Câncer (INCA) como coadjuvante no tratamento contra o câncer. Desde 2002, a entidade ligada ao Ministério da Saúde orienta a prescrição a pacientes. Os sons são escolhidos de acordo com cada pessoa e sintoma. De acordo com o órgão, está comprovado que, no aspecto fisiológico, a música é capaz de interferir na batida cardiovascular, no sistema respiratório e na tonicidade muscular. 


Autor: Redação
Fonte: Moinhos / Critério
Autor da Foto: O Grupo de Musicoterapia realiza as atividades com pacientes no mínimo uma vez por semana. Divulgação HMV

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581