A asfixia voluntária entre crianças e adolescentes através de enforcamento, ou por outros meios, para gerar prazer sexual não é rara, podendo levar à morte. Pesquisadores norte-americanos da Joan C. Edwards School of Medicine estudaram a asfixia autoerótica, com o objetivo de aumentar o conhecimento dos pediatras acerca dessa síndrome, e alertá-los quanto ao seu surgimento entre os jovens. A pesquisa foi publicada na edição de novembro da revista Pediatrics.

A asfixia autoerótica ocorre quando alguém acidentalmente se enforca enquanto se masturba, por efeito de perda de controle do aparelho asfixiante, com perda de consciência. Durante a masturbação, a falta de oxigênio e a elevação da taxa de dióxido de carbono decorrentes do estrangulamento parcial levam a uma sensação de tontura, que poderia tornar o orgasmo mais intenso. Ao chegar a esse estágio, há um alto risco do praticante relaxar demais e não alargar o nó do laço no pescoço antes que a passagem de ar seja bloqueada totalmente.

Segundo os autores, a asfixia autoerótica pode ser conceituada como um drama pessoal ritualizado e psicossocialmente simbólico, que parece ser uma re-encenação de estados emocionais intensos envolvendo uma identificação e uma relação sadomasoquista com uma figura feminina. Os iniciantes na prática podem perder o controle da situação e "acabar perdendo sua aposta com a morte".

Na pesquisa, foi realizado um estudo retrospectivo com base nos casos fatais e não-fatais publicados, incluindo entrevistas, citações, experiência clínica e teorias sobre a sua causa. Foram apresentadas as manifestações características dessa asfixia, prevalência, faixa etária, métodos de indução de hipóxia/anóxia e sexo. E a conclusão foi que os pediatras devem estar alerta às primeiras manifestações da asfixia autoerótica. "Atenção às brincadeiras de apneia e àquelas que eventualmente resultem na asfixia é extremamente necessária por parte dos profissionais da atenção primária, que podem impedir este tipo de comportamento".

Fonte: Pediatrics. Volume 124, Number 5, Nov 2009. Pages 1319-1324