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Por que o Brasil vive um surto de doping
 
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10/11/2009

Por que o Brasil vive um surto de doping

Aumento do número de exames, maior controle sobre atletas jovens e testes-surpresa elevam o número de casos este ano

GINÁSTICA ARTÍSTICA: 1 CASO Daiane dos Santos

A maior ginasta brasileira de todos os tempos não esbanja mais o sorriso que virou marca registrada em suas apresentações no solo. Na sexta-feira 30, foi anunciado que a gaúcha Daiane dos Santos, 26 anos, ex-campeã mundial, foi pega no exame antidoping. Desde então, ela passou a figurar em uma triste lista que cresce desde o início do ano no País. Até o momento, 28 esportistas de sete modalidades foram flagrados com substâncias proibidas pela Wada, a Agência Mundial Anti-doping. O atletismo registra a maioria dos casos: 15. No ciclismo, a soma é de seis. Com um currículo tão extenso quanto o de Daiane, a triatleta Mariana Ohata, que competiu nos três últimos Jogos Olímpicos, ingeriu um diurético em uma etapa da Copa do Mundo, nos Estados Unidos, e amarga, desde o mês passado, uma suspensão de seis anos. Nem mesmo atletas paraolímpicos estão escapando da malha fina da fiscalização: dois halterofilistas já testaram positivo.

O esporte nacional vive um surto de doping ao mesmo tempo que comemora a eleição do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. Em Copenhague, na Dinamarca, antes de se decidir pela Cidade Maravilhosa, o Comitê Olímpico Internacional (COI) inquiriu as autoridades brasileiras a fim de saber se a polícia local colaboraria no combate ao doping, como ocorre em alguns países europeus. Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), acenou com a possibilidade. Enquanto isso não ocorre, confederações nacionais têm intensificado a corrida contra o doping, uma prática que sempre esteve um passo à frente do antidoping. No atletismo - modalidade que assistiu ao maior escândalo de sua história, quando cinco brasileiros foram flagrados dopados às vésperas do Mundial, em Berlim, em agosto -, 600 testes serão realizados até o fim do ano. O número é 40% maior que o do ano passado. No ciclismo, esse crescimento está em 55%. 

ATLETISMO: 15 CASOS
Lucimara Silvestre da Silva

"Estamos apertando o cerco. E a tendência, até a Olimpíada de 2016, é apertar ainda mais", afirma Martinho Santos, membro da Agência Nacional Anti-doping da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Controlar atletas das categorias de base, para passar o bom exemplo desde cedo, é uma das estratégias. Com 18 anos, a fundista Jenifer do Nascimento Silva foi pega, no mês passado, competindo com uma substância estimulante. Havia ingerido uma aspirina apenas. Mesmo assim, foi advertida e suspensa dos campeonatos juvenis deste ano. Também em outubro, a nadadora Lorena de Araújo Rezende, 21 anos, foi proibida de competir por dois anos ao fazer uso de um esteroide que produz ganho de massa muscular. Nos dois casos, as atletas não haviam atingido a elite de seus esportes, mas despontavam com bons resultados. "A gente tem acompanhado de perto os que almejam resultados que os coloquem na seleção", conta Sandra Soldan, médica antidoping da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). "É bom educá-los logo e passar os valores olímpicos." A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), porém, foca nos atletas de alto rendimento. 

TRIATLO: 1 CASO Mariana Ohata

Na Volta Ciclística Internacional de São Paulo, em agosto, 38 exames foram feitos em esportistas desse nível, o que garante uma abrangência de 80% dos ciclistas. Sabe-se que dois atletas testaram positivo - apesar de os nomes ainda não terem sido divulgados. Em abril, na Volta Ciclística de Santa Catarina, Alex Diniz, vencedor da prova, foi pego dopado e suspenso por dois anos. Para José Luís Vasconcellos, presidente da CBC, os corredores sabem que o controle está mais rígido. "É como uma loteria. Quando você decide jogar, pode ganhar ou perder. Acredito que eles tentam a sorte", diz. Na CBAt, têm dado resultado os testes fora de competição.

Essa conduta culminou com a suspensão por dois anos dos cinco atletas, em agosto. A CBAt soube, por meio de uma denúncia, que esportistas eram levados pelo técnico para uma outra pista de atletismo e lá recebiam dele a dopagem. Em uma visita-surpresa ao local, 13 passaram por exames. Cinco testaram positivo para a eritropoetina. Essa substância, conhecida como EPO, acelera o processo de recuperação ao aumentar a produção de glóbulos vermelhos e não era rastreada no exame de urina até dois anos atrás. "A EPO tem sido utilizada há um bom tempo. Agora, com maior controle, ela tem sido mais detectada", diz o coordenador da medicina esportiva do Esporte Clube Pinheiros, Paulo Zogaib. 

A ginasta Daiane dos Santos foi pega também em um exame repentino, feito em julho. Queria perder peso, enquanto estava afastada das competições por conta de uma cirurgia, e recorreu a um diurético. Na mesma época, o ginasta Diego Hypólito teve a malhação na academia interrompida por um emissário da Wada que ali apareceu de surpresa para coletar seu material para exames.

Para Zogaib, fisiologista da Unifesp, a desigualdade de conduta das confederações, porém, é o maior entrave na luta contra o doping. Santos, da CBAt, concorda: "Pelo protocolo da Wada, o Brasil deveria ter uma agência federal de antidoping." O COI já passou essa conta a Nuzman, que sabe que o cenário melhorou, mas precisa correr para vencer mais essa.


Autor: Rodrigo Cardoso
Fonte: Isto é Independente

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