.
 
 
Transtorno de Processamento Sensorial gera dúvidas no diagnóstico
 
Notícias
 
     
   

Tamanho da fonte:


28/01/2023

Transtorno de Processamento Sensorial gera dúvidas no diagnóstico

Tema veio à tona nesta semana com anúncio da atriz e apresentadora Giovanna Ewbank de que o filho Bless sofre do transtorno

Há poucos dias, a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank revelou ao público que o filho Bless, de apenas 8 anos, sofre de uma síndrome sensorial. O menino, que ela adotou com o ator Bruno Gagliasso, chamou a atenção do casal por se mostrar incomodado com questões comuns do dia a dia como: o cheiro de cebola na cozinha, não gostar de pisar na grama, além de ouvir o zumbido de moscas de forma altíssima, no meio do mato. O diagnóstico apontou que Bless sofre de Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), doença ainda pouco conhecida tanto no meio médico e educacional, bem como entre familiares.

De acordo com a Dra. Alessandra Pereira, Neurologista Pediátrica do Núcleo de Neuropediatria Clínica e Cirúrgica do Hospital Moinhos de Vento, apesar da elevada prevalência do TPS (que tem índices ainda maiores quando associado a outros transtornos), há um preocupante desconhecimento sobre esse tema entre muitos profissionais da Saúde e da Educação, bem como entre as famílias, que precisam aprender a lidar com ele. "O desconhecimento da sociedade sobre o que é Transtorno de Processamento Sensorial leva a diagnósticos, tratamentos e intervenções imprecisos e inadequados para crianças que já têm sintomas", alerta.

Mas o que é o Transtorno de Processamento Sensorial?
Dra. Alessandra:
A alteração da integração sensorial resulta em Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), também conhecido como Disfunção de Regulação Sensorial, Disfunção de Integração Sensorial ou Transtorno de Disfunção Sensorial.

Quais são os principais sintomas?
Dra. Alessandra:
Nessa condição, o cérebro não processa as entradas sensoriais (ou estímulos) corretamente. Assim, as respostas comportamentais e motoras são inadequadas e afetam o aprendizado, a coordenação, o comportamento geral e a linguagem do paciente.

É importante destacar que esta condição acomete os sentidos básicos, como audição, olfato, paladar, visão e tato. O TPS ainda pode levar ao estresse, ansiedade ou mesmo à depressão.

O Transtorno de Disfunção Sensorial é raro?
Dra. Alessandra:
Levantamentos epidemiológicos mostram uma alta prevalência (de 5 a 15%) entre crianças de 3 a 10 anos, com predomínio no sexo masculino. No entanto, grande parte dos profissionais de saúde ainda desconhece essa condição, levando a demora no diagnóstico, atraso na abordagem terapêutica e frustração das famílias.

O que pode desencadear este transtorno?
Dra. Alessandra:
A causa exata deste distúrbio ainda não é conhecida. Entretanto, alguns estudos preliminares sugerem que o TPS pode ter causas genéticas e hereditárias, mas também existem fatores extrínsecos (externos) que podem colocar as crianças em risco, tais como: privação materna, parto prematuro, desnutrição pré-natal, consumo de álcool e drogas durante a gravidez, alta exposição a agentes químicos durante a infância e pouca estimulação sensorial. Infecções de ouvido frequentes e repetidas (antes dos 2 anos de idade) também podem aumentar o fator de risco.

O TPS pode ter relação com outros transtornos?
Dra. Alessandra:
O Transtorno de Disfunção Sensorial pode vir isolado ou associado a outro transtorno do Neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Quais são os maiores riscos do paciente que tem este transtorno?
Dra. Alessandra:
Estima-se que uma pessoa com TPS tem um risco quatro vezes maior de desenvolver problemas emocionais (como ansiedade) e três vezes maior de desenvolver problemas comportamentais externos (como condutas agressivas).

Além disso, as crianças com TPS apresentam mais problemas de aprendizado e no desempenho acadêmico, alterações de coordenação motora (tanto ampla quanto fina), mudança de comportamento (com distração, impulsividade, hiperatividade ou hipoatividade e até mesmo irritabilidade), dificuldades na realização de atividades da vida diária e problemas gastrointestinais. Como consequência, podem apresentar sintomas de estresse crônico e baixa auto-estima.

De que forma os pais podem perceber o Transtorno de Disfunção Sensorial?
Dra. Alessandra:
A criança pode perceber os estímulos com mais ou menos intensidade e alguns comportamentos podem sinalizar a condição, como: necessidade de estar sempre em movimento, recusa em ser tocado, rejeição a certos alimentos (pela textura ou sensação); aumento da resposta ao sentir certos odores; aversão a sujar as suas próprias mãos; ser excessivamente sensível ao som; se sentir desconfortável com alguns movimentos, como balançar, deslizar ou descer rampas; se mostrar muito impulsiva e facilmente distraída; não ter um planejamento ao lidar com tarefas do seu cotidiano; demonstrar alterações no planejamento motor ou práxis (que é a capacidade de planejar e executar diferentes tarefas motoras); além de apresentar problemas de coordenação, que podem ser percebidos em atividades motoras grossas ou finas.

Como é feito o tratamento?
Dra. Alessandra:
O tratamento da criança com Transtorno do Processamento Sensorial é realizado por meio da terapia ocupacional, com um profissional especializado em Integração Sensorial. O papel do Terapeuta Ocupacional é o de gerar um relacionamento com as crianças para desenvolver um ambiente de confiança e diversão, tendo como objetivo melhorar a regulação da excitação, aumentar a participação e estabelecer uma base sólida de aprendizagem - adaptada ao seu sistema nervoso.

Tudo isso para diminuir as dificuldades sensoriais no dia a dia, aumentar a autoestima das crianças, melhorar a dinâmica familiar e a qualidade de vida do paciente.

Fonte: Dra. Alessandra Pereira, Neurologista Pediátrica do Núcleo de Neuropediatria Clínica e Cirúrgica do Hospital Moinhos de Vento. 


Autor: Redação
Fonte: Moinhos Critério
Autor da Foto: Divulgação Hospital Moinhos de Vento

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581