Maio é lembrado como mês de conscientização para os cuidados com a asma, doença crônica que afetou, em 2019, mais de 260 milhões de pessoas e acarretou 455 mil mortes em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de ser prevenível e absolutamente controlável, estima-se que, no Brasil, a enfermidade cause cinco mortes por dia quando não avaliada e tratada.

Para lançar luz sobre o assunto, a data, que é uma iniciativa da "Global Initiative for Asthma", traz como tema este ano os "Cuidados com a asma para todos". Mas quais são esses cuidados? O que deve acender o sinal de alerta? Quando é necessário procurar um atendimento hospitalar urgente?

Para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre a doença, o pneumologista do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento Pierangelo Tadeu Baglio, responsável pelo Ambulatório de Asma do Hospital responde algumas perguntas. Confira:

O que é a asma?

É uma doença que se caracteriza pela inflamação crônica das vias respiratórias, que tem uma base genética. Ou seja, o indivíduo já nasce com predisposição e, a partir da interação com fatores do meio ambiente, como poluição, alérgenos ou vírus, acaba desenvolvendo sintomas relacionados à enfermidade.

É comum encontrar outros asmáticos na família de um paciente. Entretanto, é importante observar que a asma resulta da interação dos dois fatores: a predisposição somada à interação do meio ambiente.

Quais são as diferenças entre asma, bronquite asmática e bronquiolite?

Asma ou bronquite asmática são duas formas diferentes de denominar a mesma doença. O nome oficial da patologia é asma brônquica, mas, popularmente, ela é conhecida como bronquite asmática ou, simplesmente, asma.

E como ela se diferencia da bronquiolite?

A asma é uma doença não infecciosa, que se caracteriza pela inflamação crônica das vias respiratórias. Já a bronquiolite, via de regra, é uma situação causada por uma infecção que acomete muito frequentemente crianças, na faixa etária pré-escolar ou escolar, geralmente, causada por um vírus (sincicial respiratório). Portanto, a bronquiolite, normalmente, é uma condição infecciosa, enquanto a asma brônquica é uma condição inflamatória não infecciosa.

A asma tem cura?

Trata-se de uma doença crônica que ainda não tem cura. Contudo, o tratamento avançou muito nas últimas décadas, especialmente, nos últimos anos. Hoje em dia, contamos com um arsenal terapêutico bastante amplo, como corticoides e broncodilatadores inalatórios, que podem oferecer uma qualidade de vida excelente ao paciente, livrando-o de sintomas e de crises.

Quais são as recomendações ao paciente com asma grave?

Paciente com asma grave é aquele que, mesmo fazendo o tratamento regularmente e sem outros fatores interferindo na doença, não consegue controlá-la e, como consequência, acaba internado com frequência. Esses casos correspondem a cerca de 3% a 5% do universo geral de asmáticos. Para eles, existem as terapias-alvo: são os chamados imunobiológicos, que vão atuar sobre as rotas inflamatórias da doença.

Quais são as definições sobre a asma?

Atualmente, temos a doença controlada, a não controlada, e os casos graves. Não falamos mais em asma leve, pois ela pode dar uma falsa sensação de controle e, se não tratada, pode apresentar uma piora do quadro, com uma crise.

Como evitar uma crise de asma?

Para evitar a crise de asma são necessárias medidas conjuntas. O principal é que o paciente tenha um acompanhamento médico com seu pneumologista, que vai poder indicar o tratamento mais adequado. Essa prescrição deve ser seguida à risca e de forma contínua.

Qual é o principal erro que os pacientes com asma cometem?

Existe um erro muito frequente que observamos nos pacientes com asma: ao perceberem que há uma melhora dos sintomas, pensam que é possível interromper o tratamento. Como não estão sentindo mais nada, acreditam que estão com a doença controlada e deixam de seguir as recomendações médicas. Então, o indivíduo volta a apresentar sintomas e a ter risco de crises.

Quais os cuidados que o paciente asmático deve ter em casa?

Ele precisa controlar os fatores ambientais. Ou seja, o quarto ou o local de trabalho devem estar sempre limpos, livres de pó, umidade, mofo ou carpetes. Também é importante manter os ambientes bem ventilados e seguir com o tratamento medicamentoso, prescrito pelo especialista.

Como identificar o princípio da asma?

Se o paciente está apresentando sintomas respiratórios recorrentes, como falta de ar (ao fazer esforços ou mesmo parado) ou tem uma tosse crônica e um chiado no peito, deve passar por uma avaliação médica, preferencialmente com um pneumologista. O médico vai fazer um diagnóstico para verificar o que está acontecendo. Pode ser asma ou alguma outra doença respiratória, mas, a partir da recorrência de sintomas, é importante que a pessoa seja avaliada.

Como saber se a crise de asma é grave e necessita de atendimento hospitalar urgente?

Se os sintomas do paciente são muito intensos, como falta de ar incapacitante, baixa oxigenação e insuficiência respiratória ou dor no peito, a pessoa deve procurar um serviço de emergência, para um pronto atendimento e avaliação mais imediata do quadro clínico.

De que forma o Ambulatório de Asma do Hospital Moinhos de Vento pode ajudar os pacientes?

No Ambulatório de Asma do Hospital Moinhos, é possível fazer a avaliação de pacientes com suspeita ou diagnóstico já confirmado de asma brônquica, a fim direcionar a terapia mais adequada para cada caso, incluindo os asmáticos graves - que podem ter indicação para o tratamento imunobiológico. Assim, o Hospital está disponível para contribuir com a sociedade com o manejo dessa doença que é muito prevalente e relativamente pouco valorizada.

O paciente asmático pode levar uma vida normal?

Com certeza. Esse é o objetivo dos tratamentos. É o conceito de controle da doença. Tanto que, hoje em dia, para alguns casos, se fala até em remissão da asma. Isso ocorre com aquele doente que está tratando da enfermidade e consegue ficar livre de sintomas por longos períodos.

Então, é absolutamente possível e desejável que o paciente tenha uma vida normal. E ele deve, sim, praticar atividades físicas. A partir do momento que tiver a sua asma controlada, não se espera que ele tenha dificuldade para praticar qualquer tipo de esporte, qualquer tipo de atividade.

E, sem dúvida, o uso correto e contínuo do tratamento prescrito é o que vai fazer, na imensa maioria das vezes, o paciente obter o controle da doença e poder levar uma vida absolutamente normal.