A doação de sangue é uma ação voluntária fundamental para o sistema de saúde, sendo útil em situações de emergência que demandem transfusões de sangue para o atendimento de pacientes. Porém, o Brasil ainda não transformou esse ato solidário em um hábito, apontam dados do Ministério da Saúde que revelam que apenas 1,4% da população brasileira doa sangue regularmente. Com a finalidade de incentivar a doação de sangue e agradecer aos doadores, a Assembleia Mundial da Saúde criou o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, em homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner, imunologista austríaco. Em 2023, a campanha transmite a mensagem de empatia e solidariedade através do lema "Doe sangue, doe plasma, compartilhe a vida, compartilhe com frequência".
De acordo com a enfermeira e coordenadora do curso Técnico em Enfermagem do Senac Saúde, Roberta Tavares, a data é de extrema importância para a promoção de campanhas de doação de sangue que informem a população sobre a necessidade constante de doadores para manter o equilíbrio do sistema de saúde. “As campanhas são estratégias essenciais para incentivar e conscientizar a maior quantidade de pessoas de que uma doação de um único indivíduo pode ajudar a salvar até quatro vidas e que, quando feita regularmente, estará contribuindo para que o sistema de saúde não sofra com a escassez de bolsas sanguíneas, como nos últimos anos”, destaca.
Triagem, coleta, armazenamento e distribuição
Para quem possui dúvida sobre o processo de doação de sangue, Roberta conta que ele é dividido em alguns passos, como o cadastro do candidato a doador, triagem clínica, coleta do sangue e a análise pós coleta. “O processo de doação de sangue inclui o registro do candidato, teste de hemoglobina, triagem de sinais vitais e triagem clínica para avaliar hábitos comportamentais e estado de saúde. Após aprovação, o sangue será coletado em saco plástico junto com uma solução anticoagulante. Além disso, a amostra será analisada em um teste de seleção sorológica. Depois da doação será fornecida uma refeição leve e os doadores deverão permanecer sentados por 15 minutos”, detalha.
Outra curiosidade que aflige potenciais doadores é de como o sangue é armazenado. Segundo a coordenadora, os bancos de sangue oferecem uma estrutura adequada para realizar o armazenamento de cada hemocomponente de forma específica, pois eles possuem prazos de duração diferentes. “As plaquetas duram até cinco dias após a coleta e devem ser mantidas em uma temperatura entre 20ºC e 24ºC. O plasma tem validade de um ano e precisa ser congelado em 18ºC negativos. Já os glóbulos vermelhos devem ser utilizados em até um mês e precisam estar em uma temperatura ambiente entre 2º C até 6ºC”, informa. No fim do processo, as bolsas sanguíneas são divididas e direcionadas para hospitais e clínicas conforme o grau de necessidade. “Antes da liberação, o sangue é rotulado e são realizados testes para checar o tipo sanguíneo e possíveis infecções”, complementa.
Segurança e sigilo
Diversos procedimentos são adotados para garantir a segurança e o sigilo durante o processo de doação de sangue. Tavares enfatiza que o Ministério da Saúde, possui em seu regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos, o artigo 31 que aborda a preservação das informações. “O artigo 31 garante o sigilo das informações fornecidas pelo doador antes, durante e depois do processo de doação de sangue. Os resultados da triagem laboratorial são fornecidos apenas mediante a solicitação do doador e entregues para o próprio ou, por intermédio de uma procuração, a terceiros”, esclarece.
Como se tornar um doador?
Para se tornar um doador de sangue, a enfermeira informa que, antes de procurar um hemocentro, é importante conhecer os requisitos para a realizar a coleta de sangue. Segundo o Ministério da Saúde, entre os critérios necessários estão:
1. Estar em boas condições de saúde;
2. Ter entre 16 e 69 anos de idade (com autorização do responsável legal para doadores entre 16 e 17 anos);
3. Pesar mais de 50 kg;
4. Respeitar intervalos específicos entre as doações de sangue;
5. Não estar em jejum;
6. Após o almoço ou jantar, aguardar pelo menos 3 horas para doar;
7. Não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
8. Não ter tido parto ou aborto há menos de 3 meses;
9. Não estar grávida ou amamentando;
10. Não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 12 meses;
11. Não ter piercing em cavidade oral ou região genital;
12. Não ter feito endoscopia ou colonoscopia há menos de 6 meses;
13. Não ter tido febre, infecção bacteriana ou gripe há menos de 15 dias;
14. Não ter fator de risco ou histórico de doenças infecciosas, transmissíveis por transfusão (hepatite após 11 anos, hepatite b ou c, doença de chagas, sífilis, aids, hiv, htlv i/ii);
15. Não ter visitado área endêmica de malária há menos de 1 ano;
16. Não ter tido malária;
17. Não ter diabetes em uso de insulina ou epilepsia em tratamento
18. Não ter feito uso de medicamentos anti-inflamatórios há menos de 3 dias (se a doação for de plaquetas).
Para quem possui interesse em doar sangue, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul disponibiliza em seu site um mapa interativo que permite localizar os hemocentros mais próximos da sua região. Basta acessar o link e aproveitar a oportunidade de ajudar aqueles que necessitam de transfusões sanguíneas.