
Um estudo espanhol recentemente publicado na revista Heart que indica que o consumo diário de bebidas alcoólicas pode reduzir os riscos de doença cardíaca entre os homens está sendo duramente criticado pela comunidade científica internacional. De acordo com os especialistas, o estudo é falho e não deveria encorajar as pessoas a beber mais, pois o álcool – principalmente em excesso – prejudica a saúde de forma geral, sendo associado a diversas condições crônicas e a uma maior mortalidade.
Controversa, a pesquisa avaliou a ingestão de álcool de 15,5 mil homens e 26 mil mulheres com idades entre 29 e 69 anos, que foram perguntados sobre os seus hábitos de consumo de bebidas alcoólicas no ano anterior. E, acompanhando-os por dez anos, os pesquisadores concluíram que, apenas entre os homens, o consumo moderado de álcool – o equivalente a menos de uma dose de vodca por dia – reduzia o risco cardíaco em 35%. Mas o consumo excessivo – entre três e 11 doses diárias – foi associado a uma proteção ainda maior, reduzindo o risco em até 50%. As razões não foram esclarecidas.
Sobre o estudo, o cirurgião Robert Sutton, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, destacou que há várias falhas e não deve ser considerado como uma razão para o consumo excessivo de álcool. “Esse estudo foi baseado em informações auto-referidas, em que aqueles que bebem mais dizem que têm menos doença cardíaca, mas aqueles que bebem mais provavelmente são menos propensos a consultar um médico e a ter a doença cardíaca identificada”, argumentou. O especialista em saúde pública Martin McKee, da London School of Hygiene and Tropical Medicine concorda e acrescenta que, apesar de haver evidências de que a moderação pode proteger o coração, “a relação entre álcool e doença cárdica é controversa”.