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Duzentos mil não sabem que têm Aids
 
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30/11/2009

Duzentos mil não sabem que têm Aids

O Brasil tem 630 mil pessoas infectadas com o HIV, o vírus da Aids. Porém, cerca de 200 mil pessoas não sabem que têm a doença.

O Brasil tem 630 mil pessoas infectadas com o HIV, o vírus da Aids. Porém, cerca de 200 mil pessoas não sabem que têm a doença.

Os dados constam do levantamento sobre a Aids no país, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. A desinformação sobre a própria enfermidade é uma das maiores preocupações das autoridades de saúde do país.

- Por isso, o Ministério da Saúde tem incentivado o teste voluntário das pessoas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de sobrevida dos pacientes - diz o epidemiologista da instituição federal Gérson Pereira.

O diagnóstico precoce, além de ajudar a conter a disseminação da doença, traz benefícios para o próprio indivíduo infectado pelo vírus, uma vez que ele terá acesso aos medicamentos e coquetéis antirretrovirais que são distribuídos gratuitamente pelo governo federal.

- Não exitem problemas de distribuição dos medicamentos no Brasil - garante o epidemiologista do Ministério da Saúde.

Descuido

Além do alto índice de pessoas que não sabem que são portadoras do vírus, outro problema no Brasil é a falta de cuidados do brasileiro em relação à prevenção contra Aids.

Embora 92% da população saiba da importância de usar o preservativo, apenas 60% se valem da proteção.

- Por questões culturais, muitas mulheres têm dificuldades em negociar o uso do preservativo com seus parceiros - comenta Gérson Pereira, que é chefe da Unidade de Vigilância do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do ministério.

Esta questão cultural pode ser a chave para explicar outro fenômeno: o avanço da doença entre adolescentes do sexo feminino na faixa entre 13 e 19 anos. Para se ter uma ideia deste avanço entre as jovens brasileiras, em 1980 havia uma adolescente infectada para cada seis adolescentes do sexo masculino portadores da doença. Esta relação se inverteu desde 1998, com 8 casos em meninos para cada 10 casos em meninas entre 13 e 19 anos.

- As mulheres estão iniciando relações sexuais mais cedo e isto é uma das razões deste crescimento entre elas. Nossa missão é mostrar às jovens a importância do uso do preservativo - comenta o epidemiologista do ministério.

Centros urbanos Um dos destaques do Boletim Epidemiológico Aids/DST 2009 divulgado ontem é a queda dos índices da doença nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, entre 1997 e 2007. Por outro lado, no mesmo período, a epidemia cresceu no interior do país, nos municípios com menos de 50 mil habitantes De acordo com o Ministério da Saúde, os grandes centros urbanos do país - onde estão concentrados 52% dos casos de Aids - registraram queda de 15% na taxa de incidência da doença entre 1997 e 2007. Nesse mesmo período, a incidência nos municípios com menos de 50 mil habitantes dobrou.

- Como a epidemia começou nos grandes centros urbanos, eles estão mais bem estruturados para lidar com a Aids. Em contrapartida, os pequenos centros ainda estão se preparando para enfrentar melhor a doença - diz o epidemiologista A análise da situação da Aids no Brasil foi realizada pelo Ministério da Saúde, que elaborou um panorama detalhado dos casos da doença nos 4.867 municípios brasileiros onde já foi notificada, pelo menos, uma ocorrência.

- O mapa permite conhecer as diversas epidemias existentes no país e fornecer aos gestores locais os instrumentos para que eles possam adequar as respostas à sua realidade - afirma a diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Mariângela Simão.

Não queremos viver na corda bamba

Márcio Villard

PRESIDENTE DO GRUPO PELA VIDDA/RJ

O Dia Mundial de Luta Contra a Aids, 1º de Dezembro, foi criado em 1987 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com o apoio da ONU, e logo foi adotado por 140 países. Desde então, esta data representa a necessidade de reflexão sobre os progressos e conquistas na batalha contra a Aids e a necessidade de transposição dos desafios novos e remanescentes e do estigma e do preconceito que ainda vitimam os soropositivos de todo o mundo. No Brasil, esta data vigora desde 1988.

Até julho de 2008, 58.897 novos de casos de infecção por HIV/Aids foram notificados no estado do Rio de Janeiro (SESDEC-RJ/2008).

Cresce a cada dia o número de novos casos de Aids em adolescentes no Brasil e entre as mulheres, devido à falta de campanhas de prevenção e sobre o de preservativos.

Em 1985, no Estado do RJ, para cada 11 homens infectados, uma mulher era infectada. Hoje, a relação está equiparada: para cada homem há uma mulher infectada, qualquer pessoa pode pegar Aids.

Não existe "grupo de risco".

Apesar das dificuldades financeiras e dos problemas cotidianos enfrentados devido à epidemia, o GPV/RJ - entre ativistas e voluntários - há 20 anos, ainda está vivo e atuante, sempre em luta pela prevenção, orientação e atendimento, e contra o preconceito, a discriminação e a exclusão social de pessoas vivendo com HIV e AIDS.

Devemos sempre refletir sobre esta problemática e denunciar avanços, regressos e descasos governamentais.

Por isso, cumprimos com o nosso papel através de mais um ato público - a ser realizado na próxima terça na Cinelândia, entre as 11h e 15h, com o apoio de voluntários e mais de 15 organizações parceiras do nosso estado. Faremos um grande apitaço e a soltaremos 500 balões de gás vermelhos e brancos, em memória às vítimas e em solidariedade a todos que lutam conosco.

Pretendemos tornar visível à sociedade a gravidade e o avanço da epidemia no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo, assim como os desafios que ainda, infelizmente, devem ser superados para o controle desta epidemia, para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e para a garantia e exercício pleno da cidadania e direitos humanos.

Ainda é grande o descaso de governantes e políticos no cumprimento dos pactos de assistência e tratamento no SUS. Ainda não foi elaborada uma política pública integral que promova efetivamente um tratamento digno e humanizado aos pacientes soropositivos e não foi criada uma assistência social que acolha e priorize o atendimento a estes pacientes vivendo em situação de pobreza e miséria, no estado do Rio de Janeiro.

Não queremos viver na corda bamba! Faltam investimentos às ações de prevenção no RJ e aos serviços psicológicos e de saúde para atendimento e acompanhamento especializados. Sofremos com as violações dos nossos direitos: não temos garantia da gratuidade nos transportes; políticas de lazer e cultura; política de assistência social que oriente, acolha e integre dignamente os portadores do HIV e da Aids na sociedade, e uma política de seguridade social compatível com as demandas atuais. Não queremos e não podemos permitir mais preconceito, discriminação e intolerância nas nossas relações interpessoais e de trabalho! Por isso, convocamos a sociedade para participar deste ato.


Autor: Marcelo Gigliotti
Fonte: Jornal do Brasil

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