Com o principal objetivo de promover uma discussão sobre os direitos da mulher, a Escola de Saúde Pública (ESP) promoveu o I Seminário "Mulher: violência, direitos e suas repercurssões", ontem (2 de dezembro).
O evento reuniu quatro palestrantes especializadas em asssuntos relativos ao impacto na saúde das mulhers vítimas de agressão física e sexual por parceiros e cônjuges.
Nadine Anflor, da Delegacia da Mulher de Porto Alegre, falou a respeito dos resultados sociais após a implementação da Lei Maria da Penha.
"A mulher sentiu-se mais confiante para denunciar os abusos sofridos", comentou Nadine. Somente no ano de 2009, mais de 11 mil casos foram registrados pela polícia, com uma média de 17 prisões por mês. Em 2008, o número teve registros maiores do que no ano corrente:
"Isso não é um sinal de que a lei piorou a situação, lentamente, as vítimas foram tomando consciência dos seus direitos e denunciando" afirmou a delegada, que ainda salientou o problema do agressor, em 65% dos casos, ser dependente químico, um problema de saúde pública.
A doutoranda em ciências criminais pela PUCRS, Carmen Hein de Campos, palestrou sobre os reflexos da violência doméstica na saúde reprodutiva e sexual da mulher. Abortos espontâneos, infertilidade, distúrbios ginecológicos e a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST) pelo parceiro são apenas um dos fatores que afetam o bem estar das vítimas.
Carmen ainda comentou que os governos estão negligenciando os direitos da mulher de aborto legal e tratamento de agravos decorrentes da violência sexual:
"Somente um hospital em Porto Alegre pode cumprir esses direitos" afirmou.
Durante a tarde, o seminário ainda contou com a presença de Flávia de Moraes, Consultora do Programa de Prevenção a Violência do Governo do Estado (PPV) que mostrou como funciona o programa e seus resultados e Assuncion Costa, Mestranda de Psiquiatria Forense pela Universidad de la Plata, da Argentina, focou na repercurssão das agressões da saúde mental da mulher.