Por orientação do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e por causa da arrecadação adicional prevista no IPTU, as áreas de Saúde e de Educação tiveram os maiores aumentos nas projeções das verbas no projeto substitutivo apresentado ontem pela Comissão de Finanças da Câmara. Ao todo, as duas pastas tiveram incremento de R$ 1 bilhão, pois foi transferido R$ 1,7 bilhão do recurso carimbado para o pagamento de precatórios.

A área de Educação vai receber 31,15% das receitas correntes (a previsão inicial era 30%), segundo o relator do orçamento, vereador Milton Leite (DEM). Para a Saúde, a estimativa cresceu de 18,96% para 19,71%. Como prevê um desgaste por causa dos aumentos do IPTU e da tarifa de ônibus, Kassab quer acelerar obras prometidas na campanha eleitoral, como a construção de três hospitais na periferia (Brasilândia, Vila Matilde e Parelheiros) e de creches para tentar zerar o déficit de 45 mil vagas.

A verba maior de publicidade vai ajudar a divulgar os investimentos, no ano em que o padrinho político do prefeito, o governador José Serra (PSDB), deve ser candidato à presidência.

"O prefeito diz que vai tirar as promessas do papel em 2010. Mas não sei como. Ele reservou só R$ 45 milhões para o início da construção de três hospitais na periferia e R$ 126 milhões para a publicidade", afirma o líder do PT, vereador João Antonio.

Vereadores criticam o fato de a publicidade de Kassab em 2010 ter verba maior, por exemplo, que os R$ 75 milhões reservados para a Secretaria de Participação e Parceria, responsável por gerenciar os telecentros, programa de acesso gratuito à internet. Os recursos para publicidade também superam em mais de dez vezes os R$ 12 milhões da Secretaria de Mobilidade. "É completamente absurdo e contraditório crescer as verbas de divulgação do governo, em ano eleitoral, e não aumentar o dinheiro destinado às áreas de risco com iminência de deslizamentos", criticou o vereador Antonio Donato (PT).

O projeto substitutivo do orçamento foi aprovado na Comissão de Finanças da Câmara com seis votos favoráveis e duas abstenções do PT. Os petistas criticaram o pouco tempo para analisar as mudanças e se recusaram a votar.

Metrô pode receber até R$ 1,7 bi

Depois de um ano sem investir no Metrô, a Prefeitura poderá aplicar até R$ 1,7 bilhão na ampliação da rede em 2010. O texto aprovado ontem determina que a verba obtida na venda da folha de pagamento do governo para o Banco do Brasil seja investida no sistema.

Na semana passada, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou que iria transferir a gestão das contas dos funcionários e fornecedores da Prefeitura, hoje feita por Itaú e o Bradesco, ao Banco do Brasil, que pagaria R$ 726 milhões. Mas o valor deve ser maior, para Milton Leite (DEM). "Pode chegar a R$ 1,7 bilhão."

Em 2009, Kassab não deu um centavo ao Metrô (apesar de o orçamento prever R$ 218 milhões) e para o Rodoanel (com previsão de R$ 65 milhões). O investimento nas obras foi uma das principais promessas de campanha. Kassab promete aplicar R$ 1 bilhão no Metrô e R$ 300 milhões no anel viário até 2012.