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Grandes avanços na pesquisa clínica sobre o câncer em 2009
 
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15/12/2009

Grandes avanços na pesquisa clínica sobre o câncer em 2009

Relatório da ASCO

O relatório anual deste ano sobre os avanços clínicos em câncer da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology - ASCO) destaca 15 estudos descritos como "grandes avanços" e 51 estudos considerados "notáveis progressos".

Cada um dos estudos em destaque "alterou, significativamente a forma como o câncer é compreendido ou teve uma repercussão importante no atendimento ao paciente", observa o relatório.

"Esses avanços da pesquisa contínua devem estimular as pessoas com câncer e aqueles que cuidam deles", disse o presidente da ASCO Dr. Douglas W. Blayney. "Como este relatório demonstra, o investimento em pesquisa clínica do câncer está dando retorno".

O relatório foi elaborado por 18 médicos oncologistas proeminentes que selecionaram os estudos de uma revisão da literatura científica e apresentações nas principais reuniões científicas durante um período de um ano. Os dois principais congressos foram o ASCO 45th Annual Meeting (ASCO 2009), e o da American Society of Hematology 50th Annual Meeting (ASH 2008.

A maioria destes estudos foi descrita na Medscape Oncology.

Alguns dos maiores avanços em câncer

Primeiro padrão de tratamento para o câncer das vias biliares. Uma combinação de gencitabina e cisplatina demonstrou melhorar a sobrevida em comparação à gencitabina isolada.

Primeira imunoterapia eficaz para neuroblastoma. O produto é uma imunoterapia baseada em anticorpos (anticorpo quimérico anti-GD2 ch14.18) que tem como alvo um glicolipídio (GD2) nas células do neuroblastoma. O estudo de fase 3 mostrou redução do risco de recaída e melhora da sobrevida geral em dois anos entre crianças com neuroblastoma de alto risco .

Trastuzumabe melhora a sobrevida ao câncer gástrico positivo para o receptor 2 do fator humano de crescimento da epiderme (Human Epidermal Grow-Factor Receptor 2 - HER2). O estudo de fase 3 TOGA descreve uma sobrevida significativamente melhor destes pacientes .

O acréscimo de cetuximabe à quimioterapia prolonga a sobrevida no câncer avançado de cabeça e pescoço. Os pacientes do estudo de fase 3 EXTREME apresentaram melhora significativa quando o cetuximabe foi acrescentado à quimioterapia baseada em cisplatina (Vermorken JB et al. N Engl J Med. 2008;359:1116-1127).

Radiação reduz o risco de metástases e aumenta a sobrevida após prostatectomia. O relatório descreve este estudo como modificando a prática. Resultados após um acompanhamento mediano de quase 13 anos mostrou que a radiação após a prostatectomia radical reduz o risco de metástases em 29% e melhora a sobrevida em 28% (Thompson IM et al. J Urol. 2009;181:956-962).

Testes do antígeno prostático específico (PSA) têm efeito mínimo na redução da mortalidade por câncer de próstata. Os resultados de dois grandes estudos de rastreamento sugerem que a dosagem de rotina do PSA tem pouco ou nenhum efeito na redução do risco de morrer de câncer de próstata e, provavelmente levou ao excesso de diagnósticos e tratamentos da doença que é de crescimento lento e não letal.

Estes resultados irão influenciar a comunicação médico-paciente sobre os riscos e benefícios dos testes de PSA, observa o relatório .

A terapia de manutenção pemetrexede melhora a sobrevida no câncer de pulmão. Foi observado benefício na sobrevida entre pacientes com estágio 3B ou 4 de câncer de pulmão não de células escamosas e não de pequenas células (NSCLC), incluindo o adenocarcinoma e o carcinoma de grandes células, em um estudo de fase 3.

Estes resultados têm alterado o padrão de tratamento para os pacientes com NSCLC avançado, diz o relatório .

Mutação do tumor prediz resposta ao gefitinibe no câncer de pulmão. Os dados do estudo IPASS mostraram que pacientes asiáticos com NSCLC com mutações no gene do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) que eram não fumantes ou fumantes leves tiveram uma resposta inicial ao gefitinibe, significativamente, melhor e se saíram melhor com gefitinibe do que com a quimioterapia convencional (com carboplatina e paclitaxel) (Fukuoka M et al. N Engl J Med. 2009;361:947-957).

A quimioterapia combinada é superior a capecitabina em monoterapia para o câncer de mama em mulheres mais velhas. Estes resultados vêm do estudo Câncer e Leucemia Grupo B, que mostrou que a quimioterapia convencional diminuia pela metade o risco de morte e recidiva.

Everolimus e bevacizumabe aprovados para o carcinoma de células renais. O everolimus mostrou melhora na sobrevida livre de doença entre pacientes com carcinoma de células renais que progrediu apesar do tratamento com sunitinibe e/ou sorafenibe em um estudo de fase 3.

Bevacizumabe junto com interferon melhorou a sobrevida livre de doença no carcinoma de células renais metastático em dois estudos de fase 3.

Bevacizumabe aprovado para o glioblastoma avançado. O bevacizumabe é o primeiro medicamento novo para esta doença em uma década. Sua aprovação foi baseada em dois estudos, um dos quais foi um estudo de fase 2 que mostrou melhora da sobrevida livre de progressão e da sobrevida global em comparação com controles históricos entre pacientes que receberam tratamento com radioterapia e temozolomida.

Bevacizumabe não reduz risco de recorrência de câncer de cólon em estágio inicial. Estes resultados são provenientes do National Surgical Adjuvant Breast and Project, e mostram que o acréscimo de bevacizumabe à quimioterapia adjuvante convencional (5-fluorouracila, ácido folínico e oxaliplatina; conhecida como FOLFOX) não melhorou a sobrevida livre de doença do câncer de cólon em estágio 2 e 3.

Testes frequentes de CA125 são desnecessários para monitorar a recorrência de câncer de ovário. Estes resultados poderiam mudar a maneira pela qual as mulheres são controladas após conseguir a remissão do câncer de ovário, observa o relatório, porque sugerem que o tratamento de segunda linha pode ser seguramente adiado até o desenvolvimento dos sintomas de recaída, o que poderia poupar às mulheres a ansiedade associada a realização de testes frequentes.

Vacina eficaz contra HPV em mulheres mais velhas (24 a 45 anos). A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) (Gardasil) está atualmente aprovada para uso em mulheres entre 9 e 26 anos de idade; este estudo mostrou que mulheres mais velhas que não tenham sido infectadas podem se beneficiar da mesma proteção .

Alguns dos avanços notáveis em oncologia

Inibidores da 5-alfarredutase reduzem o risco de câncer de próstata. Sua utilização foi recomendada nas diretrizes publicadas conjuntamente pela ASCO e pela Associação Americana de Urologia.

Teste de células tumorais circulantes aprovado para a previsão dos resultados do câncer de próstata. O teste, CellSearch, pode ser usado para monitorar o tratamento de homens com câncer de próstata avançado, e resultados do 1º estudo mostraram que o teste pôde prever a sobrevida com maior precisão que o teste de PSA.

Cirurgia profilática reduz o risco de câncer de mama e de ovário em mulheres com mutações do gene BRCA. A análise combinada de 10 estudos confirmou a redução do risco salpingo-ooforectomia em portadoras da mutação BRCA1 e BRCA2.

Essas mulheres têm um risco durante toda a vida de até 84% para o câncer de mama e até 46% para os tumores ovarianos e de trompas. A remoção cirúrgica dos ovários e das trompas reduziu o risco de câncer de mama em 51% e o risco de câncer de ovário e trompas em 79% .

Importância do gene ALK no câncer de pulmão. Um pequeno estudo de fase 1 mostrou que pacientes com tumores NSCLC que contêm uma alteração genética somática - a translocação dos genes EML4 e ALK - tiveram uma resposta significativa ao tratamento com PF-02341066, um medicamento oral que tem como alvo a inibição da cinase do receptor ALK.

Estudos mais amplos são necessários, observa o relatório, mas nenhum destes pacientes tinha mutações EGFR e, portanto, representam um novo grupo de pacientes com câncer de pulmão que têm melhora rápida e substancial depois de tomar um inibidor oral da cinase.

Genética do glioblastoma caracterizada pelo Cancer Genome Atlas. Os pesquisadores identificaram várias mutações genéticas que caracterizam o glioblastoma, o que poderia ser de uso potencial no desenvolvimento de terapias específicas.

Vacina terapêutica prolonga a sobrevida no glioblastoma em um estudo de fase 2. A vacina, conhecida como PEPvIII-KLH, tem como alvo uma variante do EGFR, e foi utilizada em conjunto com radioterapia e temozolomida.

Novo ensaio genético prevê risco de recorrência do câncer de cólon. O Oncotype DX assay, semelhante a um teste já comercializado para o câncer de mama, gera uma “pontuação de recorrência", que pode ser usada junto com outras medidas patológicas para determinar se o câncer de cólon tem probabilidade de recidivar, o que pode orientar a decisão de usar quimioterapia adjuvante.

Mutações BRAF predizem pior resultado no câncer de cólon metastático. O relatório assinala que o gene BRAF pode eventualmente se comprovar útil como o gene KRAS na previsão de que pacientes têm mais probabilidade de responder aos inibidores do EGFR, tais como o cetuximabe (Erbitux) e panitumumabe (Vectibix).

Gefitinibe não é superior ao metotrexato para melhorar a sobrevida no câncer recorrente de cabeça e pescoço. Muitos destes tumores têm superprodução de EGFR, mas o gefitinibe inibidor de EGFR não melhorou a sobrevida em comparação ao metotrexato, a terapia convencional histórica .

Teste de HPV oral se mostra promissor no rastreamento de tumores de cabeça e pescoço. O teste consiste de uma lavagem oral com soro fisiológico que capta naturalmente células da mucosa oral, e utiliza uma estratégia de amplificação de DNA para o teste do HPV 16.

Quimioterapia de indução na preservação da laringe durante o tratamento do câncer de laringe e hipofaringe. Dois novos estudos foram relatados. Um estudo mostrou que a quimioterapia de indução (com cisplatina e 5-fluorouracila) seguida de radioterapia definitiva teve resultados semelhantes à radioquimioterapia concomitante com doses mais baixas de quimioterapia.

O outro estudo mostrou que um esquema de quimioterapia com cisplatina, 5-fluorouracila e um taxano é superior à quimioterapia convencional com cisplatina e 5-fluorouracila.

Reexposição à radiação reduz o risco de recidiva local, mas não melhora a sobrevida no câncer de cabeça e pescoço. A constatação vem de um estudo de fase 3 em que os pacientes com câncer de cabeça e pescoço que desenvolveram a doença recorrente ou um segundo câncer primário em uma área que tinha sido previamente irradiada foram tratados com cirurgia de resgate, e então foram submetidos a quimiorrerradioterapia.

Incidência de melanoma cresce nos Estados Unidos. A incidência tem aumentado drasticamente e não pode ser atribuída apenas ao rastreamento.

Vacina eficaz no melanoma. A vacina terapêutica experimental contém parte da proteína gp100, um antígeno encontrado em células de melanoma, mas não em células saudáveis, e estimula as células T a atacar as células do melanoma.

Um estudo de fase 3 mostrou que o acréscimo da vacina à terapia convencional com interleucina-2 mais do que duplicou a taxa de resposta, tendo aumentado a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global.

Novo medicamento PLX4032 eficaz no melanoma com mutações BRAF. O medicamento é um inibidor oral de BRAF quinase, e os dados vêm de um pequeno estudo de fase 1.

BiovaxID vacina personalizada prolonga a sobrevida livre de doença no linfoma folicular. A vacina é fabricada individualmente para cada paciente. O relatório assinala que são necessários mais estudos para testar a vacina em pacientes que estão tomando o rituximabe, que não era um padrão de tratamento quando o estudo começou há oito anos.

Pralatrexato demonstrou encolher linfoma de células T na fase 2 do estudo PROPEL. O medicamento é um inibidor do RFC-1, uma proteína superexpressada no linfoma de células T, e há pouco foi concedida aprovação acelerada pelo Food and Drug Administration nos EUA, com base neste estudo (O'Connor OA et al, ASH 2008: Abstract 261).

Fostamatinibe mostra a atividade no linfoma e na leucemia crônica. Estudos preliminares (phase 1) promissores mostraram que esse medicamento experimental, um inibidor da Syk quinase, é um dos primeiros agentes orais direcionados demonstrando atividade nos linfomas.

J Clin Oncol. Publicado online em 9 de dezembro de 2009

Informações sobre a autora: Zosia Chustecka é editora de notícias da seção de Hematologia-Oncologia da Medscape, tendo sido editora de notícias do jointandbone.org, website adquirido pela WebMD. Jornalista de assuntos médicos veterana baseada em Londres, Reino Unido, foi premiada pela Associação Britânica de Jornalistas de assuntos médicos e é graduada em farmacologia. Ela escreveu para uma grande variedade de publicações direcionadas aos profissionais da área médica e da área de saúde.


Autor: Zosia Chustecka
Fonte: MedCenter MedScape

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