
Prevenção. A palavra que fez a melhor parceria com a medicina nos últimos anos será a chave para ter saúde na próxima década. As novas tecnologias de diagnóstico, desde que acompanhadas de mudanças de hábito, poderão salvar mais vidas que qualquer medicamento a ser descoberto. "Para a próxima década, esperamos que avancem os estudos das vacinas contra hipertensão arterial e arteriosclerose", diz o médico Evandro Tinoco, diretor clínico do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro. Enquanto nada disso está nas farmácias e clínicas, a recomendação é se antecipar aos problemas. "Com prevenção, pode-se até não adicionar anos à vida, mas sim mais vida aos anos", diz Haino Burmester, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva.
De acordo com um estudo feito no ano passado pelo Ministério da Saúde, a prevenção ainda não faz parte da vida do brasileiro. A maioria diz desconhecer a relação entre seus hábitos e as doenças mais comuns. Mesmo quem sabe dos riscos não costuma seguir o manual da vida saudável, com suas três instruções básicas: comer menos gordura e mais fibras, não fumar e praticar alguma atividade física. São as prevenções primárias, que por si sós reduzem significativamente o risco de desenvolver câncer e as doenças coronarianas - que vão continuar fazendo vítimas em massa na próxima década.
A prevenção primária se baseia em dieta balanceada, atividade física e não fumar.
O passo além é entender o que o corpo diz
Uma vez incorporadas as regras da prevenção primária, é preciso prestar atenção ao que o corpo diz. Pequenas manchas na pele, mudança na rotina de urina ou fezes, falta de ar fora de hora são alguns dos sintomas que podem estar relacionados a doenças. No final do século passado, um achado da medicina foi estabelecer a relação entre o diâmetro abdominal e o aparecimento de problemas de saúde. Os médicos passaram a usar a fita métrica em volta da barriga para medir o risco de infarto, derrame e outras doenças.
Mesmo quando o corpo não diz nada por conta própria, é bom ouvi-lo. "Às vezes o corpo dá sinais de alerta, mas isso não é uma regra", diz o oncologista Amândio Soares, do Centro de Prevenção e Tratamento de Doenças Neoplásicas. Hoje, a precisão dos equipamentos, que também estão menos invasivos, facilita o diagnóstico precoce. As mamografias de alta definição, por exemplo, detectam tumores de 1 milímetro - enquanto antes só registravam nódulos de pelo menos 1 centímetro. Isso tem reduzido as mortes em 40%. O exame de densitometria óssea é atualmente tão sensível que detecta perdas pequenas, de cerca de 5%, adiantando o tratamento da osteoporose. Exames periódicos são fundamentais, sobretudo quando há histórico de alguma determinada doença na família. Então, previna-se e viva com mais saúde.
10 sinais de alerta do corpo
Eles podem ser sintomas de mais de uma doença
- Acúmulo de gordura na cintura (mais de 80 cm para mulheres e 90 cm para homens)
- fôlego curto repentino
- inchaço nas pernas
- dor no peito, mesmo que branda
- disfunção erétil
- palpitações sem motivo
- frequência urinária menor
- diarreia alternada com constipação
- pintas que não existiam
- manchas esbranquiçadas e brilhantes na pele