
Publicado na primeira edição do ano do periódico Sleep, um estudo americano afirma que adolescentes que dormem mais cedo são significativamente menos propensos a sofrer com a depressão ou ter pensamentos suicidas em alguma fase da vida. Os resultados sugerem que um período de sono começando mais cedo e durando mais, pode ter como efeito uma maior proteção para a saúde mental desses adolescentes.
O estudo mostrou que os jovens observados, e que costumavam ir dormir por volta da meia-noite ou mais tarde, apresentaram 24% mais chances de desenvolver quadros depressivos e 20% mais indicações de pensamentos suicidas. A comparação foi feita com adolescentes que iam para a cama aproximadamente as 10 da noite.
Em uma outra série de testes, adolescentes que afirmavam dormir 5 horas ou menos por noite – e comparados com aqueles que dormiam no mínimo 8 horas por noite – eram 70% mais propensos a terem comportamentos que poderiam evoluir para a depressão e quase 50% mais recorrência de pensamentos relacionados com suicídio.
Dados consistentes
Os dados para a pesquisa foram coletados junto a uma população de mais de 15 mil crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, e com colaboração de seus pais, a partir de um estudo longitudinal – feito através de observações repetidas dos mesmos itens ao longo de um extenso período de tempo e procurando correlações entre as variáveis observadas – e realizado entre 1994 e 1996.
James Gangwish, pesquisador da Universidade de Columbia, diz que os resultados do estudo ajudam a comprovar o argumento de que a duração do sono é fator crucial para o desenvolvimento da depressão.
“Nossos resultados são consistentes com a teoria de que um sono inadequado é um fator de risco para a depressão, considerando a somatória de outros fatores negativos e positivos, e que podem servir de gatilhos para esse transtorno do humor”, diz Gangwish. “A adequação da qualidade do sono, portanto, pode prevenir ou complementar o tratamento para a depressão.”
Os autores observaram que há uma série de potencias mecanismos cerebrais, que poderiam contribuir para a depressão e pensamentos suicidas, e que podem sofrer interferência de uma privação do sono crônica, mesmo que parcial. A falta de algumas horas de sono podem afetar a variação das respostas emocionais, diminuir as defesas naturais para o estresse diário, piorar a relação com colegas, além de afetar a qualidade do julgamento de ações decisórias, concentração e controle dos impulsos.
Gangwish e sua equipe ainda sugerem que a intervenção para a educação de adolescentes e seus pais para modificar hábitos de sono poderia ser uma grande contribuição para o tratamento dos transtornos citados à longo prazo.