Um artigo da Associação de Psicologia Americana (APA) aponta que a epidemia de obesidade é um assunto de saúde pública sério e que tem aumentado a mortalidade de homens e mulheres, além de ter um altíssimo custo social e econômico. De acordo com o artigo, as taxas de obesidade nos EUA, por exemplo, triplicaram nos últimos 25 anos. Aproximadamente 17% dos jovens entre 12 e 19 anos já atingiram níveis de obesidade assustadores e mesmo o aumento de crianças obesas na pré-escola tem ampliado em velocidades alarmantes. Para se ter uma ideia, 5% das crianças entre 2 e 5 anos eram obesas em um estudo feito na década de 80. Essa taxa subiu para 12,4% no último ano.
O artigo da APA aponta ainda que a obesidade na infância coloca as crianças em risco de se tornarem adultos obesos, o que é associado a condições de saúde bastante ruins, como desenvolver diabetes, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer. A prevenção deveria focar na redução do ganho de peso durante o processo de crescimento dessas crianças, o que, ao que parece, não vem acontecendo.
Outro ponto importante, diz a APA, é o fato das crianças entre 8 e 18 anos estarem mais expostas a todo tipo de mídias – muitas vezes simultaneamente – e passando mais de 44 horas por semanas em frente aos computadores, televisão e video games, ou seja, mais tempo que qualquer outra atividade em suas vidas, com excessão de dormir. Isso impacta negatimente na saúde dessas crianças de várias formas, mas em especial, ao promover o consumo de comidas com carga nutricional pouco saudável.
Não diferenciam publicidade da programação
“A maioria das crianças abaixo dos 6 anos não consegue, na maioria das vezes, distinguir entre programação e publicidade. Crianças abaixo de 8 anos, ao se depararem com a explicação lógica, não entendem como as propagandas tentam persuadí-las ao consumo. A publicidade dirigida às crianças nessa idade é, portanto, exploração”, resume o artigo.
Além disso, crianças têm a espantosa habilidade de relembrar os conteúdos dos anúncios aos quais foram expostos. Mesmo após ver uma única vez um comercial as crianças são capazes de mostrar a preferência por determinados produtos apresentados. E isso, por sua vez, influencia a preferência dos pais.
Postura mais crítica
“As crianças estão cada vez mais ficando em função dessa vida moderna: vivem em espaços fechados, onde a TV e a internet são os companheiros constantes e onde os adultos que poderiam acompanhá-las, dialogando e ajudando a desenvolver uma postura mais crítica muitas vezes estão ausentes”, explica Lais Fontinelli Pereira, coordenadora educacional e de pesquisa do Projeto Criança e Consumo.
Para a especialista o trabalho coordenado de pais, educadores e mesmo do Estado (fomentando leis que possam delimitar e coibir os abusos desse tipo de comunicação focada na criança) são imprescindíveis para proteger as crianças. E isso envolve também proteger a saúde mental desses indivíduos.