O primeiro estudo de campo sobre o impacto da luz nos padrões de sono em adolescentes, afirma que a pouca exposição à luz matutina (logo nas primeiras horas do dia) pode contribuir para que estes indivíduos permaneçam mais tempo acordados durante a noite.
“Como a maioria dos adolescentes passa muito tempo dentro de casa – graças ao computador e a hábitos sedentários – eles podem estar perdendo algo que é essencial ao organismo: a luz matutina, que é o que regula nosso ciclo de dormir e acordar”, diz Mariana Figueiredo, pesquisadora principal do estudo feito pelo Rensselaer Polytechnic Institute’s Lighting Research Center (LRC), nos EUA, e publicado no periódico Neuroendocrinology Letters.
“Essa privação da luz diurna faz que esses jovens acabem indo para a cama mais tarde, tenham menos horas de sono e provavelmente um desempenho acadêmico ruim”, afirma a pesquisadora. “Se você deixa de ser exposto à luz azul matutina, isso vai atrasar a produção da melatonina – hormônio que indica ao corpo quando é noite e favorece o sono – pelo cérebro. Nosso estudo mostrou que a produção de melatonina é atrasada 6 minutos por dia que os adolescentes deixam de ser expostos a essa luz matutina”, explica.
Ao saírem de casa (um ambiente fechado), muitas vezes utilizam óculos escuros ou ficam menos expostos à luz quando dentro do carro ou do ônibus e, naturalmente, quando entram em outro ambiente fechado (a sala de aula, por exemplo), esses adolescentes contribuem para que o ritmo biológico do corpo tenha seu ciclo alterado. Esse ciclo de sincronização entre o corpo e a noção de dia e noite é chamado ciclo circadiano.
Esse ciclo também regula a temperatura do corpo, o estado de alerta, apetite, produção hormonal e padrões de sono. É bom lembrar que nosso corpo e nossa visão respondem diferentemente à luz. Normalmente o organismo é muito mais sensível à luz azul natural, que indica o início do dia e, portanto, desses ritmos biológicos.
Outros estudos mostraram que a falta de sincronização entre descanso e atividade e os períodos de noite e dia também podem levar ao risco de doenças cardiovasculares, diabetes, depressão e até mesmo câncer.