
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (SIMERS) elaborou dicas para pais e escolas auxiliarem os estudantes. O Sindicato adverte: cuidar bem da saúde de crianças e adolescentes faz bem ao desempenho escolar. O alerta da entidade justamente na largada do ano letivo de 2010 (22 de fevereiro, na rede privada e algumas escolas públicas, e 1 de março, na maioria das públicas) serve para inserir no dia-a-dia de pais e educadores medidas que necessitam ser observadas para o melhor desenvolvimento no ambiente escolar.
A secretária-geral da entidade e pediatra, Ana Maria Martins, orienta que os cuidados e ações precisam observar cada fase de formação e idade e lembra que temas como a Gripe A(H1N1) precisam ser abordados desde agora. "Será que os gestores da saúde e as escolas tem plano para prevenção e cuidados, como uso do álcool gel. As lições de 2009 continuam valendo", reforça a médica.
Mais que material escolar e uniforme, a pauta de retorno à sala de aula deve contar com itens que vão do transporte e conduta no trânsito, peso da mochila, alimentação em casa e na escola, tempo de sono, avaliações periódicas por médicos e atenção de professores e demais integrantes da equipe para sinais sobre problemas de visão, audição e mesmo comportamentos diferenciados e que podem sugerir dificuldades de relacionamento das crianças ou adolescentes. A violência dentro da escola é outro item de ganha cada vez mais relevância.
Sobre a nova gripe, Ana Maria lembra que deve haver vacinação, mas que a proteção contra viroses deve ser permanente. Com as dicas, o Sindicato quer inserir a qualidade de vida no universo de formação dos alunos. "Uma volta às aulas com saúde implica em melhor condição para aprendizado e um ambiente escolar que motive nossas crianças e adolescentes". O conceito se enquadra na Escola Promotora de Saúde, incentivado como política a ser adotada pela rede pública e privada e que segue orientações da Organização Panamericana de Saúde (Opas) e entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria.
Ana Maria explica que até o começo dos anos 2000 os estados concentravam estruturas, inclusive com médicos, prestando assistência a estudantes. Hoje os municípios têm a responsabilidade de fazer este papel por meio de sua rede de postos. "Problema é que há carência de serviços e profissionais médicos, como oftalmologistas", aponta. Equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) são importante apoio, mas na Capital, por exemplo, os grupos com médicos, enfermeiros e agentes cobrem percentual ainda baixo da população.
O Sindicato elaborou uma lista de orientações e estará à disposição para prestar esclarecimentos, indicar atitudes que pais e escolas devem adotar e mostrar que crescem problemas relacionados à alimentação, segurança e uso de substâncias químicas, como álcool e cigarro entre adolescentes. Pesquisa Nacional sobre a Saúde do Escolar (Pense), feita pelo IBGE em 2009, traçou perfil preocupante de hábitos de estudantes na faixa de 13 e 14 anos nas capitais. Porto Alegre apresenta a maior incidência nesta idade com uso frequente de bebidas alcoólicas (mais de 35% admitem uso regular), consumo regular por quase 50% dos alunos de guloseimas e refrigerantes na semana (em detrimento de alimentos saudáveis).
Dicas para cada fase da vida escolar de crianças e adolescentes:
Lição para pais e escolas:
Os temas que o SIMERS quer alertar: cuidados básicos com a alimentação, período adequado de sono, higiene, uso de material e uniforme adequado ao perfil e corpo do estudante; segurança no trânsito, controle de horários para evitar o estresse pessoal e coletivo e coibição da venda e consumo de bebidas, substância química ou medicamento sem prescrição.
Alimentação e lazer:
1. A regra número um é que a criança e adolescentes não devem ir para a aula em jejum. A falta de alimento leva a desatenção e suas consequências.
2. Alimentação deve ser balanceada nutricionalmente: em quantidade suficiente para permitir o crescimento adequado e não levar ao emagrecimento ou obesidade variada evitando a monotonia, levando em consideração as necessidades individuais.
3. Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia.
4. Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (batatas), raízes (mandioca/macaxeira/aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia
5. Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira alimentos assados, grelhados ou cozidos.
6. Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia.
7. Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches.
8. Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana e ofereça DIARIAMENTE leite e derivados, como queijo e iogurte, nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal de seu filho.
9. Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo.
10. Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas horas assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador.
Visão: Para identificar problemas de visão que podem ser tratados e evitar suas complicações, observar alguns sinais tais como a criança que se aproxima do quadro ou do caderno para copiar ou escrever, não enxerga para longe e/ou para perto, queixa-se de visão atrapalhada ou "borrada", tem dores de cabeça freqüente, tonturas ou pode apresentar dor, vermelhidão ou secreção nos olhos ou ainda a luz intensa a incomoda, por exemplo. É recomendado fazer teste de acuidade visual (Tabela de Snellen) em todas as crianças que ingressam na primeira série, podendo já ser aplicado a partir dos 4 anos. As crianças que apresentarem alteração no teste de acuidade
visual devem ser encaminhadas para consulta com o oftalmologista.
Audição e fala: Em geral os grandes problemas auditivos já foram detectados nos primeiros anos de vida, mas na escola pode-se observar alguns sinais: secreção nos condutos auditivos, otites de repetição, coloca o som alto, pede para repetir com frequência, fica distraída, apresenta erros na fala ou na escrita, vai mal no ditado mas é boa na matemática quando não precisa tanto da audição, por exemplo. Aos 4 anos a criança já tem a fala fluente e correta e qualquer alteração na fala ou suspeita de que não esteja ouvindo bem é necessária avaliação especializada.
Mochila: para um uso seguro deve pesar menos que 10% do peso corporal, podendo variar até 15% dependendo da distancia a ser percorrida, do condicionamento físico da criança, do tipo de mochila entre outros.
No trânsito: crianças até 11 anos não têm maturidade para se orientar na travessia de ruas e precisam estar acompanhadas de adultos. No carro, no ônibus escolar ou no coletivo sempre usar o cinto de segurança e seguir as regras do transporte de crianças pequenas, no banco de trás com cadeira especial conforme a faixa etária. Os exemplos serão apreendidos pela criança que está numa fase de alta para assimilar os comportamentos e atitudes.
Sono: as necessidades de sono variam conforme a idade e de um modo geral varia de 9 a 12 horas por dia sendo importante observar um sono noturno reparador. A falta deste repouso está relacionada com a falta de atenção ou uma maior irritabilidade/agitação ou ainda ser causador de sonolência.
Crescimento e desenvolvimento: A criança ganha em média 2,5 kg e cresce 5 a 6 cm por ano a partir dos 2 e até os 10 anos, quando começa o estirão do crescimento na adolescência até atingir sua estatura determinada pela sua genética. Toda criança tem o direito ao acompanhamento de seu crescimento e desenvolvimento e é responsabilidade dos pais ou cuidadores buscar e do poder público dar acesso a este atendimento. A criança só tem uma oportunidade para crescer e desenvolver de acordo com o seu potencial, não podendo perder ou atrasar as etapas. Pelo menos 1 vez por ano a criança precisa ter acompanhamento no serviço de saúde, além de ter atendimento às suas emergências.