Neste Carnaval, o trabalho de combate à aids do Ministério da Saúde tem um alvo específico: as mulheres maduras acima dos 50 anos. A campanha, intitulada O Bloco da Mulher Madura, é uma reação ao crescimento do número de casos nessa faixa etária.
O infectologista Marcos Montani Caseiro confirmou que a incidência tem sido maior nesse público. Ele lembrou ainda que, quando se fala sobre aids, o conceito de "grupo de risco" está ultrapassado: ninguém está livre de ser exposto ao vírus. No caso das mulheres com mais de 50 anos, dados epidemiológicos nacionais apontam que o número de casos praticamente dobrou nos últimos dez anos: de 7,3 em 96 para 14,5 em 2006.
A taxa de mortalidade também tem aumentado (de 5,5 em 96 para 6,1 em 2006). No ano passado, a campanha do Ministério da Saúde foi direcionada aos homens da mesma idade. Na última década, eles viram sua vida sexual se prolongar com a popularização de medicamentos contra disfunção erétil. Com as mulheres é diferente: elas ainda carregam os estigmas do passado em relação ao preservativo. Além disso, a mulher nessa idade tem pouco poder de decisão no relacionamento. "Os idosos de hoje são do tempo em que se pegava gonorréia.
No ano passado, o Centro de Referência em Aids (Craids) de Santos registrou recorde de abertura de prontuários de novos casos (ver quadro), "sendo que mais da metade desses pacientes já chegou contaminado e foi direto tomar o antiretroviral", relatou Caseiro. Os dados apresentados pelo especialista também apontam uma situação alarmante: entre as mulheres, as jovens estão se protegendo menos contra o vírus.