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Seguradora reinicia teste que recompensa médicos
 
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10/02/2009

Seguradora reinicia teste que recompensa médicos

Gigante dos seguros UnitedHealth Group testa novo modelo de plano de saúde

A gigante dos seguros UnitedHealth Group está testando um novo modelo de plano de saúde que, de acordo com muitos especialistas, é bastante promissor mas ainda não foi comprovado na prática.

Um teste anterior do modelo, proposto pelo UnitedHealth Group na Flórida, não obteve sucesso porque os médicos se recusaram a aderir. Desta vez, porém, a seguradora está aliada a sete grupos de médicos para promover uma nova tentativa, no Arizona, por insistência da IBM, um dos maiores empregadores naquele Estado.

A UnitedHealth tentará propiciar aos médicos maior autoridade, e pagamentos superiores aos normais, pelo acompanhamento detalhado dos progressos de um paciente, mesmo que esses pacientes recorram a especialistas ou sejam hospitalizados. A seguradora deixará de lado o sistema de remunerar os médicos com base no número de serviços prestados e começará a pagá-los com base na qualidade geral do tratamento que os pacientes recebem.

A nova abordagem, que também está sendo testada em diversas modalidades diferentes por outras seguradoras em todo o país, é conhecida como modelo "lar médico" de saúde. Muitos especialistas esperam que essa venha a ser uma das melhores maneiras de controlar os custos médicos disparados do país, e ao mesmo tempo melhorar a saúde das pessoas. A teoria é que, ao oferecer um "lar" para o tratamento médico de um paciente e coordená-lo, os médicos poderiam prover assistência melhor, prevenir visitas desnecessárias a prontos-socorros, reduzir o número de internações e conter o custo geral dos tratamentos.

"Isso nos oferece a oportunidade de criar um modelo que permita aos médicos de família trabalhar da forma que era comum no passado", disse o Dr. Jim Dearing, um clínico geral de Phoenix que está entre os médicos que aceitou participar do teste.

Na Flórida, a UnitedHealth tentou uma experiência semelhante cerca de 18 meses atrás mas encontrou resistência dos médicos, que achavam que estavam sendo pressionados a aceitar grande parte da responsabilidade pelo trabalho, sem garantias de que ele obteria sucesso. A seguradora não havia consultado cuidadosamente os médicos ao desenvolver o programa-piloto, e os profissionais de saúde argumentaram que não estavam recebendo assistência suficiente para ajudar a custear algumas das mudanças que precisariam adotar, como por exemplo a reforma de seus sistemas de computadores. Os médicos só receberiam mais dinheiro caso o programa atingisse seus objetivos.

Muitos médicos da Flórida disseram acreditar que a seguradora estivesse esperando demais deles na base da confiança. Estavam especialmente céticos quanto a trabalhar com a UnitedHealth, que tem a reputação de ser uma parceria de negociação difícil e de demorar no pagamento dos serviços.

"Os médicos realmente não gostam da UnitedHealth, a ponto de não quererem trabalhar com a empresa", disse o Dr. Michael Wasylik, um cirurgião que faz parte do conselho da Associação Médica da Flórida, e acompanha questões de planos de saúde.

Na Arizona, onde a UnitedHealth é a única operadora de planos de saúde para a IBM, à qual oferece cobertura para 1,1 mil funcionários e seus dependentes no Estado, foi a empresa que insistiu que a seguradora tentasse de novo o plano.

A IBM, que gastou US$ 21 milhões com planos de saúde no Arizona em 2008, está entre os empregadores do país que mais vêm expressando insatisfação com o sistema de saúde, já que eles pagam mais a cada ano e a qualidade do atendimento oferecido a seus funcionários não necessariamente melhora.

¿O que compramos é lixo¿, disse o Dr. Paul Grundy, diretor de transformação de saúde na IBM, que se tornou um dos maiores proponentes do novo conceito.

Na nova experiência, a UnitedHealth trabalhou em estreito contato com os médicos e, talvez mais importante, aceitou bancar parte dos custos iniciais do projeto, entre os quais a contratação de um consultor que ajuda os médicos a reorganizar seus consultórios.

"Aprendemos da maneira difícil", disse o Dr. Sam Ho, vice-presidente de medicina da UnitedHealth. "Não basta pendurar uma placa e esperar adesões".

A empresa já investiu mais de US$ 1 milhão em três experiência com o novo método de acompanhamento, este ano, envolvendo, além do Arizona, Rhode Island e o Colorado. Mas a seguradora diz que o projeto-piloto do Arizona está recebendo a maior parte das verbas e da atenção.

A experiência envolverá inicialmente cerca de sete mil pacientes atendidos por 26 médicos dos sete grupos de medicina envolvidos. Os funcionários da IBM serão apenas uma pequena proporção do total, que incluirá também beneficiário dos programas federais de saúde Medicare e Medicaid, cobertos pela UnitedHealth no Estado.

Criar um lar médico para os pacientes tem por objetivo resolver alguns dos principais problemas da maneira pela qual os tratamentos de saúde são ministrados e pagos nos Estados Unidos. As seguradoras hoje tipicamente remuneram os médicos pelo volume de trabalho realizado quantos testes ou procedimentos executam- e não pela eficiência de seus cuidados. Os médicos não são pagos para ajudar seus pacientes a se orientar quanto aos inúmeros especialistas, e ninguém é responsável por garantir que o paciente receba cuidados quando precisa deles.

"Caso o paciente não for ao consultório quando adoece, e vier a terminar em um pronto-socorro, não fará diferença que o exame de sangue tenha sido realizado no consultório", diz o Dr. Terry McGeeney, presidente-executivo da empresa de consultoria contratada pela United Health para trabalhar com os consultórios do Arizona. A empresa de consultoria é uma divisão com fins lucrativos da Academia Americana de Clínicos Gerais.

No Arizona, Dearing e outros médicos trabalharão com os clínicos para descobrir como melhor supervisionar pacientes de doenças como o diabetes. Os grupos médicos selecionados para a experiência são aqueles que já mostraram sinais de que poderiam funcionar como lares médicos.

A experiência também tem por objetivo determinar se até mesmo pequenos grupos de médicos podem servir como lar médico para os pacientes. Como titular de um consultório pessoal, Dearing, por exemplo, não usa fichas de saúde eletrônicas, ao contrário da maioria dos médicos atualmente. Mas ele e os consultores afirmam esperar que ainda assim seja possível desenvolver uma maneira de acompanhar com eficiência a situação de saúde dos quase 400 pacientes de diabetes de que ele trata, criando um registro físico ou um banco de dados.

"Essa é uma parte do quebra-cabeças em que todos nós teremos de trabalhar", disse Dearing.

O outro grande componente da experiência envolve a forma de remuneração dos médicos. Embora a UnitedHealth deva continuar pagando os médicos pelos serviços executados, em base similar à média estadual de US$ 50 por consulta, eles também receberão uma taxa trimestral de administração por sua supervisão aos tratamentos dos pacientes. E estarão elegíveis para bonificações com base em indicadores qualitativos como a satisfação dos pacientes, o cumprimento das normas de tratamento e a redução no número de internações necessárias.

Ainda que a seguradora estivesse relutante em discutir arranjos seus financeiros específicos com os médicos, a UnitedHealth e a IBM informaram que qualquer consultório participante poderia elevar sua receita em até 30% sob o novo sistema de reembolso.

A experiência deve durar até 2011. A UnitedHealth afirma que espera ver queda superior a 10% no número de internações e visitas a prontos-socorros - em parte porque os médicos poderão cuidar melhor dos pacientes à noite, por exemplo-, e que também antecipa que os tratamentos ajudarão a evitar complicações que exijam intervenções dispendiosas.

Alguns analistas de política de saúde se preocupam por o esforço de promover o programa correr o risco de se tornar mais uma moda no mercado de saúde - adotada com avidez por empregadores desesperados para conter a disparada em seus custos de saúde, e esquecida com igual rapidez quando não propiciar resultados imediatos.

"Os compradores querem uma solução mágica", diz o Dr. Robert Berenson, especialista em política de saúde do Urban Institute, uma organização apartidária que debate políticas públicas, em Washington. "A cada ano surge uma novidade".
 


Autor: The New York Times
Fonte: Terra

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