
A pesquisa mostrou que um gene relacionado à esclerose múltipla (EM) tinha suas funcionalidades alteradas – ou ainda, normalizadas – após o primeiro trimestre de gestação em pacientes que sofriam de esclerose. Aproximadamente 18% dos pacientes mostraram essa alteração para normalidade. O restante também apresentou resultados positivos, mas em tempos diferentes: após o primeiro trimestre, porém antes do sexto mês.
A gravidez representa uma mudança fisiológica no estado de tolerância do sistema imunológico, o que garante que o organismo não irá rejeitar o bebê, explicam os pesquisadores. Por alguma razão, até então desconhecida, doenças autoimunes (incluindo a EM) tinham uma alteração na evolução, diminuindo o ritmo. Pesquisas anteriores, entretanto, também mostraram que após o terceiro mês após o parto os níveis de ativação dessas doenças voltavam ao seu patamar normal – dado confirmado pela pesquisa de Gilli.
Mudanças no organismo
De acordo com o estudo, os efeitos anti-inflamatórios do estrogênio podem exercer uma influência positiva sobre a evolução da EM. Isso, dizem os pesquisadores, poderia ser reflexo de uma predisposição genética das mulheres em desencadear processos adaptativos moleculares que estão associados à gravidez.
A partir de uma análise da expressão genética em gestantes com EM, e comparando os resultados com gestantes saudáveis, os pesquisadores conseguiram apontar quais expressões genéticas eram responsáveis pelas atividades inflamatórias e anti-inflamatórias.
“Os dados da transcrição genética apontam para genes responsáveis pelo controle dos hormônios estrogênicos, o que reforça a tese de que essa mudança no avanço da doença tem ligação com os mecanismos adaptativos do sistema imunológico durante a gravidez”, dizem os pesquisadores. As descobertas, afirmam os pesquisadores, podem ajudar no desenvolvimento de novas terapias para a EM.