Mais de 85% dos pacientes que procuram os 68 postos do Programa de Saúde da Família (PSF) de Porto Alegre conseguem resolver seu problema no próprio PSF, sem necessidade de procurar por outros serviços de saúde. Das 73.191 consultas médicas realizadas no último trimestre de 2008, somente 10.680 resultaram em encaminhamentos a centros especializados ou à rede hospitalar. O índice de resolutibilidade dos PSF registrado no período chegou a 85,55%, superando o preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 85%.
Hoje, a população da Capital conta com o atendimento de 91 equipes de saúde da família mantidas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Só nos dois primeiros meses deste ano, foram implantadas três novas equipes, duas na Unidade IV do Murialdo e uma no PSF Maria da Conceição, inaugurado em janeiro.
Cada equipe é formada, no mínimo, por um médico geral comunitário, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e quatro agentes comunitários de saúde. Para a supervisora dos PSF da Gerência Distrital Leste/Nordeste, Denise Pires, três aspectos garantem a eficiência da estratégia de saúde da família: a qualificação dos profissionais, a territorialização e o vínculo com a comunidade. “O diferencial do atendimento realizado no PSF é o vínculo que se estabelece entre os profissionais de saúde e a população. O diagnóstico da população possibilita o planejamento e execução de ações preventivas, isso é, todo o trabalho é direcionado ao atendimento das necessidade daquela comunidade. A visita domiciliar é o princípio do trabalho, faz parte da rotina dos profissionais. Com isso, se estabelece mais confiança”, afirma Denise, que coordena o trabalho de 19 equipes e o atendimento a uma população de cerca de 76 mil pessoas.
Atendimento personalizado – No PSF Tijuca, localizado no Morro Santana, o trabalho preventivo pode ser intensificado desde o ano passado, quando parte da população da região passou a ser atendida no PSF Laranjeiras, inaugurado em dezembro em parceria com a associação de moradores do local. “Nossa prioridade é a prevenção, mas sem descuidar da assistência curativa”, lembra o enfermeiro Luís Felipe Pedroso Lopes.
Há cerca de um mês, o PSF Tijuca implantou a consulta familiar. Como o percentual de idosos atendidos na unidade é alto e muitos apresentam dificuldade para fazer o tratamento sozinhos, foi verificada a necessidade de modificar a forma de atendimento. “Muitos idosos têm dificuldades de lembrar as orientações do médico. Estamos conseguindo o comprometimento dos familiares no tratamento”, explica Lopes.
Diabetes - O problema de aderência dos pacientes diabéticos ao tratamento também foi solucionado com uma nova rotina no posto. “Antes, os pacientes faziam a medicação em casa. Muitos esqueciam ou descuidavam da dieta. Agora, recomendamos que o paciente venha diariamente ao posto para a aplicação de insulina e realização do teste de glicemia. Aproveitamos a oportunidade para reforçar todas as orientações”, explica a médica Isabel Fabris. Acácio Ferreira, de 57 anos, já sente os resultados da iniciativa. Seu nível de glicose baixou de 453 miligramas por decilitro de sangue para 95 desde que começou a visitar diariamente a unidade de saúde. “Eu estive mal, mas essa equipe é nota dez”, comemora Ferreira.
