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Testes duvidosos dificultam tratamento contra o câncer
 
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04/05/2010

Testes duvidosos dificultam tratamento contra o câncer

Drogas com o objetivo de desativar proteínas que estimulam o câncer são, como afirmam muitos oncologistas, o futuro da terapia contra o câncer

Dr. Linda Griffith estava em uma conferência em Cingapura no começo de janeiro quando sentiu um nódulo no seio. Ela achou que não era nada – um cisto, talvez.

Mas passou por mamografia, ultrassom e biópsia horas depois de desembarcar do avião. A notícia não era boa: ela tinha câncer.

Aí começaram as complicações. A Dra. Griffith, diretora do Centro de Pesquisa em Ginepatologia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), fez um exame para saber se seu tumor tinha cópias extras de uma proteína, a HER2. Se tivesse, responderia a uma droga, a Herceptin, que bloqueia a proteína e impede o crescimento do tumor.

Drogas com o objetivo de desativar proteínas que estimulam o câncer são, como afirmam muitos oncologistas, o futuro da terapia contra o câncer. Poucas drogas desse tipo estão disponíveis hoje, mas quase todas as novas drogas que estão sendo estudadas são elaboradas para desativar proteínas que alimentam o câncer.

No entanto, essas terapias dependem dos testes para descobrir suas proteínas-alvo. Embora a maioria dos pacientes não saiba, esses testes podem ser surpreendentemente pouco confiáveis.

O teste envolvendo o tumor de Griffith deu negativo. Será mesmo? Uma pequena área do seu tumor ficou marrom, indicando grande quantidade de HER2. O resto era cor de creme, indicando nenhuma proteína HER2 extra.

Mesmo assim, seu tratamento se baseou nesse resultado. Um tumor positivo para HER2 tem um prognóstico bastante ruim. A Herceptin pode melhorá-lo, reduzindo em 50% as chances de que o câncer volte e reduzindo o risco de morte em 40%.

No entanto, a Herceptin, que custa US$ 42 mil por ano no atacado, causa sintomas parecidos com os da gripe e também causa efeitos colaterais bastante sérios, danos cardíacos graves que podem até ser fatais.

Se um tumor não tem níveis altos de HER2, a Herceptin seria, como colocou Dr. Antonio Wolff, especialista em câncer de mama da Johns Hopkins University, “um placebo tóxico e caro”.

A Dra. Griffith ficou frente a frente com um problema crescente, mas pouco conhecido, na era atual de novos testes e terapias de câncer.

Os testes para HER2, por exemplo, podem dar falso-positivos até 20% das vezes, indicando erroneamente que as mulheres precisam da droga, quando na verdade não precisam. Entre 5% e 10% das vezes os testes podem dizer falsamente que uma mulher não deve tomar a droga, quando na verdade ela precisa tomá-la.

Assim como os testes HER2, outros testes moleculares para câncer de mama também apresentam problemas. Esses testes, para receptores de estrógeno em células cancerosas, determinam se o câncer será combatido por drogas que privam os tumores de estrógeno. Eles podem estar errados pelo menos 10% das vezes. Algumas drogas que reduzem o estrógeno, embora geralmente seguras, aumentam o risco de osteoporose e, dependendo da droga, também podem causar dor nas articulações e aumentar riscos de derrame e câncer de endométrio.

“É uma questão que transcende o câncer de mama”, disse o Dr. Wolff. “Um teste mal desenvolvido tem o potencial de ser tão perigoso quanto uma droga mal desenvolvida”.

Enquanto isso, o médico de Griffith, Dr. Eric Winer, do Dana-Farber Cancer Institute, percebeu as coisas de forma gradual.

“Na minha visão ingênua, o que não faz muitos anos”, disse Winer, “achava que a HER2 era uma tomava que liga e desliga, e que era muito fácil dizer se estava ligada ou não. Mas não é tão direto assim em grande parte dos tumores”.

Agora, reconhecendo o problema, o Dr. Winer realizou novos testes no tumor de Griffith com um método diferente, esperando que o resultado o ajude a descobrir se ela pode se beneficiar com a Herceptin.
E Griffith está diante das incertezas da medicina de tratamento contra o câncer.

“Como cientista, acho muito interessante”, ela disse. Porém, como paciente, ela vê a situação de outra forma.
“É difícil saber o que fazer”, ela disse.

Há vários motivos pelos quais laboratórios diferentes podem gerar resultados diferentes, disse o Dr. Mitch Dowsett, do Royal Marsden Hospital, em Londres, e membro do comute americano que formulou as diretrizes de testes para a HER2.

Em casos ambíguos, os patologistas podem discordar. Ou uma mancha pode se fundir em áreas onde um tumor foi comprimido ou atacado, fazendo parecer, a olhos inexperientes, como uma mancha indicando resultado positivo.

Quanto a Griffith, os dois testes para HER2 concordaram, mas com os resultados confusos foi difícil saber o que fazer. Seu tumor estava em cima do muro – em negativo, em parte fracamente positivo.

“Aqui estou eu como paciente. Minha situação é ambígua”, ela disse.

No fim, ela não se convenceu de que a droga ajudaria. E o risco de sérias complicações cardíacas e outros efeitos colaterais lhe causou medo.

A Dra. Griffith decidiu não tomar a Herceptin, mas está passando pela quimioterapia padrão. “Estou bem confortável com minha decisão”, disse ela.


Autor: Gina Kolata - Tradutor: Gabriela d'Ávila
Fonte: New York Times

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