Um estudo observou como modelos animais (mais especificamente ratos) que haviam sido alimentados com pequenas doses de resveratrol – um polifenol encontrado na casca e na semente da uva – reagiam a um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico induzido (cortando o suprimento de sangue para o cérebro). Os resultados sugerem que os animais que haviam ingerido o resveratrol mostraram menores lesões no cérebro do que aqueles que não haviam sido alimentados com a substância.
Sylvian Doré, pesquisador da UJH, diz que o estudo indica que o resveratrol aumenta os níveis de produção de uma enzima (a hemeoxigenase), reconhecida como uma substância que protege o tecido nervoso no cérebro. Quando o AVC ocorre, diz a pesquisadora, o cérebro se protege naturalmente dos efeitos elevando os níveis dessa enzima.
“Nosso estudo indica que o resveratrol pode, potencialmente, aumentar a resistência do cérebro ao AVC isquêmico”, diz Doré, autor principal do estudo publicado no periódico Experimental Neurolgy.
O “paradoxo francês”
O vinho tinto ganhou as manchetes ultimamente por seus benefícios à saúde. Além de reduzir os efeitos de um AVC, o consumo moderado da bebida pode estar ligado à diminuição da incidência de doenças cardiovasculares. Há até mesmo o efeito protetor chamado “paradoxo francês”, pois apesar de dietas ricas em manteiga, queijo e outros tipos de alimentos ricos em gordura saturada, a França tem uma das menores incidências de eventos cardiovasculares, o que é atribuído ao alto consumo do vinho no país.
Mas os pesquisadores alertam sobre o consumo de suplementos ricos em resveratrol, afinal, a substância ainda não foi testada clinicamente. Uma das hipóteses, por exemplo, é a de que, apesar de o resveratrol ser encontrado nas uvas, é o álcool contido no vinho que pode ser necessário para concentrar e ampliar os benefícios do componente. Doré lembra também que consumir álcool, para alguns indivíduos, pode causar mais riscos que benefícios. Para chegar a conclusões satisfatórias é necessário mais pesquisa.