Submeter-se à mamografia antes dos 40 anos pode significar um gasto desnecessário para a mulher e para o sistema de saúde e só é indicado em casos específicos, já que na maioria deles nada é detectado. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos e publicada na última segunda-feira (3) no periódico Journal of The National Cancer Institute. A ideia é reiterada pelos médicos consultados pelo R7.

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) recomenda apenas mulheres acima de 40 anos a fazer o exame uma vez por ano e para aquelas entre 50 e 69 anos, um exame, pelo menos, a cada dois anos. A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção precoce do câncer, por meio de um aparelho de raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores imagens, milimétricas até, que ampliam a capacidade de diagnóstico.

Ultrassonografia pode ser o bastante

Segundo o técnico da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do Inca, Ronaldo Correa, as mulheres só devem se submeter ao exame de mamografia antes da idade recomendada quando há descoberta de um nódulo na mama, cuja origem não foi detectada durante a avaliação médica, ou quando a paciente tem muitos casos de câncer de mama na família, como forma de prevenção.

Contudo, o técnico afirma que, para as mulheres com idade inferior, a ultrassonografia e a ressonância magnética podem ser mais indicadas, devido à estrutura da mama mais jovem.

- A mulher jovem tem a mama mais densa, o que dificulta a interpretação e a qualidade do exame de mamografia. Por isso elas podem realizar algum dos outros exames.

Além disso, Correa ressalta que a mamografia expõe a mulher à radiação, diferente dos outros dois procedimentos. Para evitar tal exposição, ele sugere que médico e paciente devam escolher qual o melhor procedimento a ser feito.

Não adianta se precipitar

Vale lembrar também que casos de câncer de mama em mulheres desta faixa etária são raros. Por isso, investir em exames de mamografia pode significar um dinheiro jogado fora, segundo o ginecologista e mastologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Luiz Eduardo Gebrim.

- Achamos que a mulher jovem não deve fazer, porque não vai encontrar nada e se tiver um câncer ele vai aparecer logo no começo, antes até de fazer o exame. A radiação ainda pode fazer mal e até provocar um tipo de câncer. É um gasto de dinheiro à tôa.

Somente em casos de dificuldade para detectar algum caroço na mama mesmo durante o exame clínico, é recomendada a mamografia. No entanto, o mastologista explica que não adianta se precipitar ao sentir dor nas mamas, pois este não é um sintoma típico de um possível tumor.

- O câncer não dói. Por isso não adianta correr para fazer uma mamografia sem sentir dor. A dor na região geralmente tem relação com dores no tórax, na costela e isso confunde a paciente.

O médico indica fazer o alto exame das mamas com delicadeza, para não criar ideias falsas, e optar pela prevenção contra o câncer de mama por meio de exercícios físicos.

- O mais importante para prevenir é fazer pelo menos meia hora de atividade física por dia para ajudar a queimar os hormônios femininos que estão parados dentro das mamas e contribuem para estimular o crescimento do câncer.