
Perseguindo o objetivo de propor alternativas para elevar a eficiência da gestão dos hospitais filantrópicos, a Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo) apresenta um projeto inovador para a região de Franca, no interior de São Paulo.
A região é formada por 22 cidades que somam cerca de 650 mil habitantes (50% deles de Franca), 9% dos quais idosos e assistidos essencialmente pelo SUS. O cenário nos nove hospitais de pequeno porte (HPP) da localidade é: leitos sobrando, com taxa de ocupação abaixo de 50%, sendo que 53% das internações poderiam ser evitadas.
Foi pensando em alternativas que permitissem a viabilização da rede e, ao mesmo tempo, a oferta de serviços até então indisponíveis à população local, apoiada em qualificação e humanização da assistência, que a Fehosp apresentou proposta ao Conam (Conselho de Municípios da Alta Mogiana).
"A ideia é que hospitais trabalhem de forma integrada, em rede. As equipes de alta hospitalar identificarão os pacientes que necessitam de cuidados prolongados, tipo de atendimento especial de que a região não dispõe hoje, e as coordenadorias regionais indicarão a unidade que deverá recebê-los", explica José Reinaldo Nogueira Júnior, presidente da Fehosp.
Para aprimorar o modelo, o grupo que compõe a mesa de discussão do HPP viajou à Espanha e Portugal para conhecer as experiências das santas casas europeias, que enfrentaram cenário semelhante há oito anos e chegaram ao modelo atual nomeado Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), dividido nos seguintes grupos: convalesça, média duração e reabilitação, longa duração e manutenção, cuidados paliativos e equipe domiciliares.
No modelo europeu, os cuidados oferecidos visam a um processo terapêutico aplicado por equipe multidisciplinar e forte apoio da família. "Assim, atua-se não somente sobre o estado de saúde, prevenindo o agravamento e promovendo a reabilitação, mas também na integração do paciente e no restabelecimento da autonomia", acrescenta Maria Fátima da Conceição, gerente técnica da Fehosp.
Nas unidades da Espanha e Portugal, além de leitos que inspiram conforto, há salão de cabeleireiro, refeitório para os pacientes fazerem as refeições em conjunto, sala de convívio, fisioterapia e terapia ocupacional. Da mesma forma, a proposta da Fehosp é oferecer nos hospitais de pequeno porte um atendimento humanizado.
"O que mais nos chamou a atenção foi o investimento na capacitação dos profissionais, mais que a própria infraestrutura. Interessante observar o trabalho das equipes que programam previamente a alta e os cuidados que o paciente irá receber, além do prontuário único, entregue antes mesmo de o paciente ser internado", destacou Maria Fátima da Conceição.
Após a apresentação da proposta ao Conam, o grupo aguarda a aprovação dos municípios para o início dos trabalhos no curto prazo.