Estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, publicado em janeiro de 2009, na revista International Journal of Infectious Diseases, estimou a prevalência do papiloma vírus em mulheres brasileiras atendidas pela Instituição. Para tanto, foram avaliadas 634 mulheres para a presença de infecção pelo papiloma vírus (HPV) e estimada a sua prevalência.
Segundo os autores, a infecção por HPV é considerada como um fator de risco para lesões cervicais e câncer invasivo. No Brasil, o câncer cervical encontra-se em terceiro lugar entre os tipos de cânceres mais freqüentes na população feminina e representa a quarta causa de morte por câncer.
Os resultados do estudo indicaram que, das mulheres avaliadas, 48% estavam infectadas com o vírus; e destas, 94% estavam infectadas com um tipo de vírus de alto risco. Os principais fatores de risco foram: ter menos de 30 anos de idade, uso de drogas no presente ou no passado uma vez ao menos na vida, história prévia de infecção com o papiloma vírus, uso de preservativo na última relação sexual e quadro de imunodeficiência avançada (HIV/AIDS).
Os autores comentaram que a prevalência da infecção com o HPV diminui com a idade. Aspecto que ainda não é bem compreendido e que talvez represente uma aquisição de imunidade para o vírus. Portanto, as mulheres mais jovens, na adolescência e na primeira fase da vida adulta, representam um grupo de risco potencial. Assim, o HPV pode ser adquirido logo no início da vida sexual.
Outro aspecto relevante do estudo é o fato do uso da camisinha ter aumentado a prevalência da infecção por HPV. Sobre essa questão, os autores comentaram que o uso da camisinha protege substancialmente contra a exposição ao vírus do HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis; mas, em relação ao HPV, a questão é controversa.
As drogas também foram associadas a maior prevalência de HPV em outros estudos, conforme citam os pesquisadores. Contudo, dentre os fatores de risco identificados, a presença de um quadro de HIV/AIDS foi o fator mais significativamente associado ao HPV. As mulheres com esse quadro apresentaram uma prevalência de 94% de infecção, revelando-se a população com o maior risco. Dessa forma, um quadro de HIV/AIDS pode representar um fator que permita a recorrência e a persistência do HPV, levando a lesões cervicais.
Referência
GRINSZTEJN, B. et al. Factors associated with increased prevalence of human papillomavirus infection in a cohort of HIV-infected Brazilian women. International Journal of Infectious Diseases, v. 13, n. 1, p.72-80, jan. 2009.