Uma caminhada realizada na manhã de hoje (23) no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, lembrou o Dia Internacional do Celíaco, comemorado no dia 15 de maio. A doença celíaca é provocada pela intolerância ao glúten e afeta o intestino, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.
O glúten é encontrado em alimentos como trigo, aveia, cevada, centeio e malte, que entram na composição de massas, pães, biscoitos, bolos, tortas, pizzas, molhos, temperos e até de bebidas, como as cervejas.
Para os celíacos, a ingestão do glúten é prejudicial à saúde e pode causar alergias. Os sintomas mais comuns são diarréia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, falta de apetite, distensão abdominal, vômitos, glúteos atrofiados e pernas e braços finos.
O objetivo do evento de hoje foi mostrar que é possível manter uma vida saudável sem o glúten.
“Temos que ser pacientes do médico e na vida, porque não se encontram alimentos (específicos para os celíacos). As indústrias ainda não acreditam no potencial do consumidor e é muito restrito [o número de] alimentos [sem glúten] fabricados no Brasil. Muitos são importados, caros e não dá para o celíaco comprar”, afirmou Péricles Marques, presidente da Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra) em São Paulo.
Marques conhece a doença há quase 29 anos, quando descobriu que seu filho era portador. “A peregrinação (para descobrir a doença) foi grande, por muitos médicos e exames. Era diarréia constante, o abdômen ficava distendido, a região glútea afinada, os membros atrofiados”. Segundo ele, hoje o diagnóstico é mais fácil.
Para Marques, o governo poderia ajudar os celíacos dando algum tipo de isenção para as indústrias. “Da mesma forma como o governo dá muitos incentivos para quem trabalha com o trigo, também seria importante que o governo desse uma fração de isenção de impostos para aqueles que trabalham com alimentos para pessoas especiais”.
A bancária Patricia Kanazawa de Oliveira, mãe da pequena Klicia, de 7 anos de idade e que é celíaca, também acredita que deveria existir maior oferta de produtos no mercado e com preço melhor. “Acho que (os produtos) poderiam ser mais em conta. Graças a Deus, temos a condição de estar comprando, mas e as pessoas que não têm?”.
Outro aspecto que poderia ser melhor trabalhado, segundo Marques, é o da merenda escolar, que também deveria ser pensada levando em conta as crianças que não podem comer determinados alimentos. “O problema maior não é a restrição alimentar, é a social. É pegar uma criança e, só porque ela é celíaca, fazê-la comer na sala do diretor ou no canto da cozinha separada (das outras crianças)”.
Dados da Acelbra estimam em cerca de 300 mil celíacos no país, mas não há números oficiais sobre isso. Um estudo realizado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com doadores de sangue mostrou que existe em São Paulo um celíaco em cada grupo de 214 moradores da capital.