“Esse estudo é um dos únicos que refletem o desenvolvimento de outros transtornos em uma população”, diz Elisabeth Wentz, da Universidade de Gothenburg e uma das autoras da pesquisa. Os resultados foram publicados em dois periódicos científicos, o British Journal of Psychiatry e o International Journal of Eating Disorders.

De acordo com o estudo, aproximadamente 25% dos entrevistados foram diagnosticados para outros tipos de transtornos alimentares ou outros tipos de transtornos mentais. Já em 39% dos participantes da pesquisa foram observados transtornos mentais paralelos ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Entre os quadros mentais mais comuns, desenvolvidos após ou paralelamente ao tratamento para anorexia, estava o transtorno obsessivo-compulsivo

Mas a pesquisa também traz surpresas positivas. “Estudos anteriores haviam mostrado que o diagnóstico para anorexia tem um prognóstico não muito positivo, sendo que um em cada cinco pacientes acaba morrendo em decorrência do transtorno. Em contraste, entre as pessoas com transtornos paralelos que acompanhamos, não houve uma morte sequer”, diz Wentz.

Outros estudos sobre o tema também indicam que a complicação mais comum entre os adultos que sofreram com anorexia é o aumento da infertilidade e maiores riscos de partos prematuros, além de maior incidência de depressão pós-parto entre esses indivíduos. Entre os filhos de mães anoréxicas acompanhadas no estudo, o baixo peso no nascimento – em comparação ao grupo saudável – foi o que mais chamou a atenção. “Nenhuma dessas mães sofria mais com a anorexia, mas o reflexo do transtorno também podia ser visto nos filhos”, observa a pesquisadora.

A anorexia nervosa é um dos transtornos mais comuns entre jovens mulheres, e aproximadamente 1% das adolescentes em todo o mundo sofre com o problema. Entre os meninos, essa incidência cai para 0,1%. A idade média dos diagnósticos para a anorexia varia entre 14 e 17 anos, e o transtorno pode continuar presente muito tempo após esse primeiro diagnóstico.