A revista “Nature Genétics” publicou um estudo afirmando que 60 milhões de pessoas, sendo a maioria descendentes de indianos, portam uma mutação genética que debilita o músculo cardíaco. Como de praxe, em determinados temas complexos, o Jornal Mente Corpo submete o assunto ao parecer de especialistas. O experiente Dr. Luis Maria Yordi analisa o tema.
A matéria publicada na revista Nature Genétics se refere à descoberta de uma mutação genética relacionada a um tipo de miocardiopatia que tem ocorrência predominantemente na Ásia. O trabalho científico constatou que os portadores desta mutação têm aumentada a probabilidade de desenvolverem essa doença cardíaca.
A miocardiopatia é uma enfermidade que afeta o músculo do coração (miocárdio) responsável pelo bombeamento do sangue. Existem vários tipos de miocardiopatia, a mais freqüente é a miocardiopatia dilatada. O volume do coração aumenta de tal forma que é conhecido popularmente como “coração de boi”. Esta doença tem várias causas: infarto do miocárdio, infecção, alcoolismo, toxinas, vírus, etc. No Brasil, a miocardiopatia chagásica (doença de Chagas) é muito frequente e tem como causa a infecção pelo tripanosoma cruzi que é um parasita transmitido pelo inseto barbeiro ou chupão, bastante conhecido na população rural.
A miocardiopatia dilatada, independente da causa, é uma doença grave, frequentemente progressiva que evolui para a insuficiência cardíaca de difícil tratamento. Medidas gerais e tratamento específico da causa podem aliviar os sintomas. Uma complicação desta doença são as arritmias, necessitando o implante de marca-passo ou de desfibilador.
Os recentes avanços da terapia com células-tronco representam uma esperança para o tratamento desta enfermidade. Em casos avançados e selecionados, indica-se o transplante do coração.
O trabalho dos pesquisadores indianos, ingleses e norte-americanos mostra que uma mutação genética específica foi encontrada, com freqüência significativa, em portadores de miocardiopatia dilatada, numa população de asiáticos.
Um dos elementos que constituem a célula é o DNA, descoberto em 1944 e onde se localizam todas as informações características do indivíduo (os gens). Esta estrutura pode sofrer mutações, que representam modificações espontâneas ou provocadas, que podem ou não serem transmitidas e que, quanto à ação, podem ser benéficas, neutras ou deletérias.
A importância desta descoberta publicada na revista científica Nature Genetics é que ela torna possível detectar pessoas que têm chance aumentada de desenvolverem miocardiopatia dilatada e serem tratadas mesmo antes de aparecerem os sintomas.