Equipe de pesquisadores do National Institute of Health acredita ter encontrado uma nova maneira de identificar regiões funcionais do genoma humano. A nova abordagem consiste em analisar a forma tridimensional do DNA e não apenas ler a seqüência de quatro letras do alfabeto de suas bases.
Em um artigo publicado na revista Science, a equipe liderada por Elliottt Marguilies, Ph.D. do “National HumanGenome Research Institute” (NHGRI), e Thomas Tullius, Ph.D., da Universidade de Boston, afirma que ao se combinar análises químicas e de computador, os pesquisadores são capazes de ver a topografia das estruturas do DNA.
O método envolve a identificação de todas as ranhuras, ressaltos e voltas do DNA que compõem o genoma humano. Estas características foram comparadas a topografia do DNA de outras espécies de mamíferos. A partir desta comparação, eles puderam crer que as estruturas preservadas em diferentes espécies podem desempenhar um papel importante na forma de como funciona o corpo humano, por outro lado as características que mudaram durante a evolução podem ter um papel secundário no funcionamento de nosso corpo.
“Esta nova abordagem é um avanço para entendermos o funcionamento do genoma humano, que é um dos principais desafios enfrentado pelos pesquisadores de hoje”, disse o diretor do centro científico do NHGRI, Eric Green. “Juntamente com as inovações no seqüenciamento do DNA, a análise topográfica ajudará para melhorarmos nosso entendimento sobre o genoma para assim melhorar a saúde humana”.
A seqüência de três bilhões de pares da base do DNA possui respostas para muitas das questões envolvendo a evolução e saúde humana. Conseqüentemente, muitas das pesquisas que visavam compreender o genoma humano tinham como informação apenas a leitura linear das bases do DNA. Esta nova pesquisa, porém, analisa como as bases do DNA interagem quimicamente e como esta integração pode mudar a sua forma.
“Muitas vezes analisamos a seqüência de letras do DNA em uma tela de computador e esquecemos que ele é tridimensional”, afirma o Dr. Marguiles.
Durante muito tempo, acreditou-se que apenas 2% do DNA codificavam proteínas e os outros 98% era puramente lixo; entretanto, os pesquisadores já sabem que estes genes não-codificantes realizam sim funções biológicas fundamentais, como por exemplo, “ligar” ou “desligar” genes. Infelizmente, ainda existe pouca informação sobre onde e como esses genes não-codificantes funcionam.
No estudo divulgado na Science, os pesquisadores compararam a topografia do genoma humano com o de outras 36 espécies de mamíferos, incluindo ratos, coelhos, elefantes e chimpanzés. Usando esta abordagem topográfica, eles descobriram que cerca de 12 por cento dos genes não-codificantes do DNA parecem ser funcionalmente importantes.
Mas o que significa efetivamente esta diferença? Os pesquisadores acreditam que analisar uma seqüência de DNA nem sempre nos dirá a sua funcionalidade. Eles descobriram que seqüências semelhantes podem ter formas completamente diferentes, fazendo com que, mesmo idênticas, algumas delas sejam funcionais e outras não.
Versão em Português: Fábio P. de Brito