Bolacha recheada não pode, frituras também não. São as leis do Colégio Pio 12, na zona sul de São Paulo. E na Escola Carlitos, na zona oeste, o intervalo agora se chama Hora da Fruta. Essas são algumas das iniciativas que as escolas particulares da cidade têm adotado para tentar reverter um quadro de peso: 33,2% de seus alunos que têm entre 10 e 15 anos estão acima do peso, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (2) pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
No Pio 12, os pais são chamados a dividir a responsabilidade pelo cardápio com a escola, participando do programa de reeducação alimentar dos alunos. Ali, a cantina não oferece frituras ou doces, conta a orientadora pedagógica e educacional da educação infantil do colégio, Patrícia Bissetti.
– Já começamos a tratar do tema com os pais. São eles que passarão isso às crianças.
Presidente do Instituto Movere, Vera Lúcia Perino Barboza diz que o sucesso dos programas nutricionais depende diretamente dos hábitos alimentares da família. Para ela, os pais são exemplos para os filhos também na hora de comer.
– Pai e mãe precisam mudar os hábitos. Caso contrário, não adianta levar a criança para fazer dieta. Os filhos resumem o comportamento dos pais.
Na Carlitos, além da oferta de frutas no intervalo, os alunos de ensino fundamental contam apenas com pratos saudáveis durante o almoço. A diretora pedagógica da escola, Laura Piteri, diz que "quando não têm alternativa, os alunos comem porque não têm opção e acabam gostando.
– Durante a aula, os alunos aprendem sobre a pirâmide alimentar e depois são convidados a preparar uma refeição para alunos de outra sala.
Segundo a nutricionista Martha Fonseca Paschoa Amódio, diretora da empresa Comer e Aprender, especializada em nutrição escolar, em locais onde o cardápio saudável é implementado costumam ter as taxas de crianças com sobrepeso ou obesidade menores.
– Geralmente, até 40% dos estudantes estão acima do peso.
Nas escolas em que as refeições são reguladas, o índice é de 25%, avalia Martha.