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17/08/2010

Ciência e saúde

Exame de DNA pode acelerar diagnóstico de câncer de cólon

Uma nova geração de exames de DNA para detectar câncer de cólon provavelmente irá melhorar a identificação de cânceres e pólipos pré-cancerosos que os precedem. Os exames, se validados, podem reduzir substancialmente a carga da doença ao detectar os tumores num estágio inicial, incluindo os que não são identificados através de colonoscopia.

Casos de câncer colorretal tendem a crescer lentamente e são facilmente removidos se detectados precocemente. Porém, muitas pessoas acima dos 50 anos não obedecem à recomendação de realizar uma colonoscopia --um procedimento que consome tempo, no qual um tubo é inserido no intestino--, e nem mesmo colonoscopias captam tudo. O câncer colorretal se tornou o segundo tipo de câncer mais comum nos Estados Unidos; todos os anos, ele causa mais de 50.000 mortes e custa cerca de US$ 14 bilhões em tratamento.

Tumores de cólon oferecem evidências consideráveis de sua presença ao derramar sangue e células detectáveis nas fezes. Exames de sangue reduziram as mortes por câncer colorretal apenas modestamente, pois não são muito sensíveis a pólipos pré-cancerosos, o estágio no qual o câncer é melhor prevenido.

Os pesquisadores chegaram a medir mutações no DNA depois que Bert Vogelstein, da Johns Hopkins University, descobriu a série de mutações pelas quais um pólipo do cólon avança até um câncer completo. Porém, uma única mutação não prevê o risco de um paciente, e os exames de mutação, embora mais acurados do que exames de sangue, não têm sido um avanço decisivo.

Até 2004, estava claro que observar as mutações Vogelstein era "biologia elegante, mas não um gol de placa", disse David Ransohoff, especialista em exames de câncer colorretal da Universidade da Carolina do Norte.

Uma nova geração de exames sendo desenvolvidos depende de um processo diferente de células de câncer. Todas as células desativam os genes dos quais não precisam a ligar pequenos químicos chamados grupos metis a certos locais ao longo de seu DNA. Em células de câncer, geralmente há menos metilação que o normal, exceto por certas regiões do DNA onde o processo de metilação é levado ao excesso, talvez porque as células precisam desligar genes supressores do tumor. Esses e outros genes são altamente metilados em tumores de colos e outros tipos de câncer.

A Exact Sciences, uma empresa sediada em Madison, Wiscosin, está desenvolvendo um exame de câncer de cólon baseado em DNA altamente metilado. Seus pesquisadores relataram, no mês passado, que podiam detectar tumores de cólon e pólipos, distinguindo-os de tecido normal com 100% de sensibilidade e sem faltos positivos.

Os exames de DNA metilado foram realizados diretamente em tumores e espera-se que sejam menos acurados no mundo real, no qual eles teriam de trabalhar com amostras de fezes. Quase todo o DNA em fezes é de bactérias, e o DNA metilado é uma fração de 0,01% do que é o DNA humano.

Mesmo assim, Kevin T. Conroy, diretor da Exact Sciences, disse esperar que o exame de quatro indicadores, quando aplicado a amostras de fezes, detectaria pelo menos metade de todos os pólipos pré-cancerosos e 85% dos cânceres de fato. Os resultados de um exame que está sendo levado a cabo agora em 1.600 pacientes serão reportados em outubro, ele disse.

O exame custaria menos de US$ 300, e amostras deveriam ser coletadas em casa. Os pacientes seriam aconselhados a fazer o exame a cada três anos. Pessoas com resultado positivo então fariam a colonoscopia para verificar e remover quaisquer pólipos; assim, as colonoscopias poderiam ser focadas em pacientes de alto risco, em vez da população em geral.

O exame da Exact Sciences se baseia no trabalho de Vogelstein, Sanford Markowitz da Case Western Reserve University e David A. Ahlquist da Mayo Clinic. Ahlquist, consultor científico da empresa, identificou alguns dos genes altamente metilados que a empresa está testando com indicadores para câncer de cólon.

Ahlquist disse que, se os exames funcionarem em amostras de fezes tão bem quanto o esperado, "este será o primeiro exame não invasivo que irá detectar lesões malignas com confiabilidade". O câncer cervical vem sendo praticamente eliminado com o papanicolau, ele disse, e "achamos que o câncer de cólon pode ser eliminado no mesmo nível".

O exame dos quatro indicadores pode detectar um tipo de tecido pré-canceroso chamado de pólipo serrilhado, que muitas vezes passa despercebido em colonoscopias, disse Ahlquist. Esse exame também ignora pequenos pólipos inofensivos.

Usando conjuntos diferentes de quatro indicadores, outros tipos de câncer podem ser detectados.

"Podemos detectar todos os cânceres acima do cólon --pâncreas, esôfago, estômago, tubo bílico", disse Ahlquist.

Assim, em princípio todos os cânceres do trato gastrointestinal, que correspondem a quase um quarto de todas as mortes por câncer nos Estados Unidos, deveriam ser detectados a partir de amostras de fezes.

Vogelstein disse que exames para mutações de DNA seriam melhores na teoria do que os para metilação de DNA, pois as "mutações são completamente específicas e são elas que causam o tumor"; a metilação é menos causadora e aumenta naturalmente com a idade.

Exames de metilação de DNA são promissores a princípio, ele disse, e parece viável para a Exact Sciences obter uma sensibilidade de mais de 90% e um índice de falso positivo de apenas 5%-10%.

"Podemos tolerar de 5% a 10% de falsos positivos porque essas pessoas só fazem colonoscopia", ele disse.

Para cânceres acima do cólon, há muitas enzimas que digerem o DNA, então o fato de que esses cânceres podem ser detectados de forma eficiente ou não só pode ser confirmado com experimentos, disse Vogelstein. Falsos positivos seriam mais um problema, já que para esses cânceres não existe método fácil de verificação, como a colonoscopia.

"É quando esses falsos positivos realmente começam a ser os malvados", ele disse.

Ransohoff afirmou que o exame da Exact Sciences ainda era um ponto preliminar.

"É muito bom e promissor", ele disse. "Mas já vimos esse filme antes. Precisamos ser esperançosos, mas não podemos nos deixar levar pela empolgação".


Autor: The New York Times
Fonte: Folha On Line

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