No município de Igarapé, a 48 km da capital mineira, um projeto educativo transformou a Vigilância Sanitária, antes pouco conhecida dos moradores, em referência para a população. “A ideia do programa ´Alimentação é Coisa Séria´ é sensibilizar consumidores e comerciantes por meio de um tema que interessa a todos: alimentação”, explica a coordenadora da Vigilância Sanitária de Igarapé, Shirlei Amorin, que idealizou a mudança quando assumiu o departamento. A experiência foi apresentada durante o Fórum Regional de Vigilância Sanitária do Sudeste, que ocorreu no Rio de Janeiro (RJ) na última semana.
Elaboração de material educativo e encontros periódicos com consumidores, comerciantes, líderes comunitários e barraqueiros fazem parte da estratégia do programa. No início, a principal dificuldade foi romper com velhos hábitos: “era forte a ideia de que o queijo bom é aquele que não tem rótulo, o que é feito em casa. Foi difícil interferir nos hábitos culturais”, lembra Shirlei Amorin.
Apesar da resistência inicial, a proposta vem dando certo: antes de fazer uma compra, os moradores estão checando se o estabelecimento tem o alvará sanitário. Eles também são responsáveis por várias denúncias que chegam ao departamento. “Antes não chegava nada”, lembra a coordenadora. Além disso, nas tradicionais festas de rua da cidade, não é mais possível encontrar barracas com doces expostos, sem proteção.
Para a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito, as experiências apresentadas durante o Fórum demonstram o progresso da vigilância sanitária, tanto na qualidade das intervenções quanto na efetividade das ações. “A vigilância sanitária saiu do patamar de anos atrás, de liberadora de alvarás, para gerir e intervir em saúde”, ressalta a diretora.
Educafarma
Envolver o setor regulado também é uma das estratégias da Vigilância Sanitária Estadual de Minas, na Zona da Mata. O projeto Educafarma, implantado por meio da Gerência Regional de Saúde, localizada na cidade de Juiz de fora, promove a conscientização sanitária entre farmacêuticos dos estabelecimentos regulados. Seminários regulares e ciclos de palestras, além do uso de filmes e vídeos são algumas das ações do Educafarma.
Merenda Escolar
Já em Aracruz (ES), a Vigilância Sanitária estava presente nos comércios, mas percebeu que precisava dar um pouco mais de atenção a outro ambiente: as escolas. A inspeção nas escolas municipais revelou que a falta de conhecimento por parte de alguns profissionais que trabalhavam nas cantinas escolares e a própria estrutura das cozinhas atrapalhavam o cumprimento das Boas Práticas de Manipulação.
A Vigilância Sanitária da cidade iniciou um processo de capacitação com as manipuladoras de alimentos, ensinando sobre higiene pessoal, de utensílios e de equipamentos. “Hoje, até quando elas nos encontram nas ruas e tiram dúvidas, perguntam se estão fazendo os procedimentos da forma correta”, conta Sabrina Castro, da Vigilância Sanitária de Aracruz.
Direito do consumidor
Somar vigilância sanitária e defesa do consumidor é a fórmula da Vigilância Sanitária de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O órgão conseguiu inserir os temas da vigilância sanitária na pauta de reuniões do Conselho Municipal de Defesa do Consumidor, em programas de educação para o consumo e nos eventos jurídicos.
A integração com o Procon e o Ministério Públicou melhorou o trabalho. “Hoje, quando há um problema, são solucionadas não apenas as questões sanitárias. Fazemos uma ação conjunta”, explica a inspetora da Vigilância Sanitária de Contagem, Rosemari Santana.
O uso de tecnologias de georeferenciamento nas inspeções, a inserção da vigilância sanitária nas escolas e a proposta de uma sub-rede de laboratórios estruturada de acordo com os programas de monitoramento de produtos também foram experiências apresentadas durante o Fórum, do qual participaram mais de 100 profissionais de saúde.