
A desigualdade de renda pode aumentar o risco de depressão emocional, em particular entre as pessoas que vivem em áreas urbanas, provavelmente porque as diferenças econômicas e sociais são mais perceptíveis, de acordo com um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) divulgado nesta quarta-feira (22).
O trabalho também mostra que o nível de renda do indivíduo, medido pela relação entre o PIB (Produto Interno Bruto) e os habitantes do país, não afeta a probabilidade de desenvolver o distúrbio.
O documento aponta a possibilidade de cidadãos de um país serem mais propensos à depressão do que habitantes dos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, esse critério foi adotado "devido à ampla disponibilidade de dados e pesquisas no país".
Cidadãos da Etiópia, Coreia do Sul e Bolívia têm a mais alta probabilidade de ser deprimidos do que pessoas que vivem nos Estados Unidos, enquanto cidadãos da Mauritânia, Albânia e Holanda são os que apresentam menor probabilidade. O Brasil aparece em último nessa lista, seguido de Camarões, Reino Unido e Argentina. 32 países não apresentaram diferenças significativas em relação aos EUA.
Segundo o levantamento do BID, a probabilidade de depressão diminui quando a porcentagem de pessoas religiosas na população total é elevada, efeito que pode ter compensado a desigualdade econômica e social. Entre 14 países desiguais, pelo menos oito apresentavam elevada porcentagem de pessoas que seguem alguma religião. Esse é o caso de Honduras, Panamá, Níger, Senegal, Jamaica, Uganda, Brasil e Moçambique.
O estudo analisou dados da Pesquisa de Opinião Pública Gallup 2007 para 93 países, e foi escrito por Natalia Melgar e Máximo Rossi, economistas da Universidad de la República, do Uruguai. O documento é parte do projeto de pesquisa em andamento do BID sobre qualidade de vida na América Latina e Caribe.
A depressão é uma das doenças mentais mais difundidas no mundo. Transtornos mentais podem custar até 4% do PIB, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).