Estudo de cientistas em Uganda e pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, publicado recentemente no New England Journal of Medicine, revela que homens heterossexuais submetidos à circuncisão podem reduzir em até 28% o risco de adquirirem herpes genital e em 30% o risco de HPV.
O estudo contou com a participação de 3.393 homens não circuncidados com idades entre 15 e 49 anos. Nenhum deles possuía qualquer tipo de DST antes do início da pesquisa. Os homens foram divididos em dois grupos, o primeiro foi imediatamente circuncidado, enquanto o segundo grupo foi circuncidado 24 meses mais tarde.
“Durante os dois anos seguintes, os participantes circuncidados que mantiveram relações heterossexuais foram 28% menos propensos a contrair herpes e 35% menos propensos a contrair HPV, em comparação com o grupo não circuncidado", disse Anthony Fauci, um dos autores do estudo.
Em crianças, a circuncisão pode reduzir as chances de infecções do trato urinário e fimose. Nos jovens e adultos, porém, reduz em até 50% o risco de transmissão do vírus HIV, segundo os pequisadores.
“Estes novos dados devem levar a uma grande reavaliação do papel da circuncisão masculina não apenas na prevenção do vírus HIV, mas também na prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis", afirmaram Matthew Golden e Judith Wasserheit, da Universidade de Washington, no artigo publicado.
O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo, provocando verrugas genitais e alguns tipos de câncer. Já o herpes genital tem sido associado a um aumento do risco de transmissão do HIV.
Segundo o Instituto Brasileiro de Infectologia, uma em cada quatro brasileiras está contaminada pelo HPV, que causa 95% dos casos de câncer de colo do útero em nosso país.
Contudo, os pesquisadores ainda não têm certeza de por que a remoção do prepúcio pode deixar nosso corpo menos susceptíveis às doenças. Mas eles acreditam que a umidade no pênis torna o homem mais vulnerável a vírus como o HIV, criando pequenas feridas por onde o vírus pode entrar.
Mesmo com a crescente evidência de seus benefícios, alguns especialistas dizem que a remoção do prepúcio é desnecessária e que pode reduzir a sensibilidade sexual na vida adulta. O especialista em saúde sexual do Countess of Chester Foundation Trust Hospital, em Chester, Reino Unido, Colm O'Mahony, afirma que este novo estudo envia a mensagem errada à população:
"Sugere que mulheres infectam homens inocentes, portanto devemos proteger os homens inocentes. E permite que homens que não querem mudar seu comportamento irresponsável continuem tendo várias parceiras sem nem mesmo usar um preservativo".
Referências