O estudo de Uekusa et al. (a ser publicado na revista científica Legal Medicine) avaliou o caso de uma jovem de 20 anos de idade que foi admitida em um hospital no Japão por estar inconsciente, com 164 batidas do coração, pressão sanguínea de 132/90 mmHg e hipocalemia (concentração de potássio sérico menor que 3,5 mmol/L). Duas medicações sem receita médica e uma suplementação alimentar herbárea americana (“7º céu”) foram encontradas no quarto dela, em casa.

Foram analisadas as amostras dessas substâncias. A efedrina (2,32 mg/g) e a cafeína (17,96 mg/g) foram encontradas no suplemento alimentar e no soro sanguíneo da paciente (0,627 mg/L, 383 mg/L, respectivamente), como também o acetaminofen, a bromvalerilurea e a etenzamida, componentes das drogas sem prescrição.

A concentração de efedrina no soro sanguíneo não alcançou um nível fatal. Mas a concentração de acetaminofen foi suficiente causar danos e estava em níveis considerados fatais. 

A efedrina, substância que tem efeitos estimulantes no sistema nervoso central, é utilizada em medicamentos para emagrecer por acelerar o metabolismo e a queima de gordura. O acetaminofen é derivado analgésico e antipirético da acetanilidao. Ambas as substâncias, se ingeridas em doses altas, podem levar ao óbito.

Embora a prescrição médica seja necessária para obter produtos que contenham a efedrina no Japão (bem como no Brasil), a paciente citada no estudo não tinha prescrição para o seu uso e não indicou onde conseguiu a suplementação alimentar que continha essa substãncia. Os cientistas realizaram uma busca na Internet e verificaram que era possível comprá-la por esse meio.

O acetaminofen é comercializado livremente tanto no Japão como no Brasil (nomes comerciais: Acetofen®, Anatyl®, Calpol®, Cefalex®, Cetinol®, Dôrico®, Gripeonil®, Pacemol®, Paracetamol®, Parador®, Piramin®, Tylenol®, etc.). Porém, é necessário que as medicações que contenham essa substância sejam receitadas por um médico e a prescrição seja seguida fielmente. Essa substância, se ingerida inadvertidamente, pode causar efeito colaterais, como danos irreversíveis ao fígado, entre outros.

Os autores alertam, assim, a respeito do risco à vida ao se comprar medicações via Internet. Também alertam as autoridades médicas que é indispensável analisar suplementos alimentares e medicações desconhecidas usadas por pacientes.

Referências