Com a chegada do fim do ano, cresce em 60% a procura de norte-americanos por cirurgia plástica em Belo Horizonte. O que atrai os estrangeiros é o preço baixo dos procedimentos, além da qualidade dos médicos brasileiros.

A cirurgia plástica é apenas uma das especialidades que aproveitam as vantagens do chamado turismo médico, que vem crescendo na capital mineira. Para se ter uma ideia, de cada 20 pacientes atendidos mensalmente em uma clínica de reprodução assistida em BH, quatro são estrangeiros.

Segundo especialistas, a grande participação de médicos mineiros em congressos internacionais, o alto volume de publicação de trabalhos desenvolvidos por aqui em revistas científicas e o custo reduzido dos procedimentos vêm contribuindo para atrair cada vez mais pacientes do exterior para o Estado.

A tendência acabou sendo percebida como um grande filão pela Belotur, a empresa de turismo de Belo Horizonte. Tanto que, nos dias 26 e 27 deste mês, de acordo com Stella Kleinrath, diretora de Assuntos Institucionais do órgão, representantes de hospitais, autoridades em saúde, médicos e demais especialistas na área se reúnem na capital para debaterem a promoção do turismo médico.

- Belo Horizonte é conhecida por sua excelência na medicina, consolidada por renomes internacionais.

Cirurgia plástica e oftalmologia estão entre as especialidades mais procuradas por estrangeiros na capital. De acordo com o oftalmologista Ricardo Guimarães, Belo Horizonte é conhecida como berço no tratamento dos olhos.

- Tivemos o professor Hilton Rocha, que fundou uma escola e inovou os estudos oftalmológicos. Ele representa para Minas o que Ivo Pitanguy representa para o Rio.

Com especializações na França, Inglaterra e Estados Unidos, Guimarães atendeu, de janeiro a setembro deste ano, 103 pacientes vindos do exterior. O crescimento anual chega a 20%.

- A exposição mineira e as duas únicas indústrias no Brasil de lentes intraoculares e de anel para ceratocone (doença que degenera a visão) instaladas em Minas mostram como é forte a vocação do Estado.

As pesquisas desenvolvidas por especialistas mineiros também são reconhecidas. Foi na Inglaterra que a norte-americana Judith Ellen Bull soube que a única especialista no Brasil em Síndrome de Irlen, problema de percepção que afeta a leitura, o aprendizado e a atenção, é a oftalmologista Márcia Guimarães, de Belo Horizonte. Ela veio ao Brasil para conhecer o trabalho da médica e atualmente se consulta na capital.

As indicações também são frequentes. Especialistas acreditam que 99% dos pacientes que chegam aos consultórios em Minas foram encaminhados por médicos de outros países ou outros pacientes atendidos por eles.

Segundo o cirurgião plástico Renato Lage, “brasileiros que moram no exterior são os grandes divulgadores da medicina mineira”. Em sua especialidade, a maioria dos pacientes são norte-americanos em busca da mamoplastia (redução da mama) e cirurgia de nariz, pálpebra e olhos. A demanda aumenta com as férias nos EUA, no final do ano.

Os procedimentos com preços reduzidos, chegando a um terço do cobrado lá fora, equipamentos de ponta e o atendimento dispensado também são atrativos.

- Alguns dizem que aqui o médico conversa, o que não veem em seu país.

Lage participa voluntariamente da ONG norte-americana Smile Train, realizando cirurgias em pessoas carentes de todo o mundo. Esse trabalho, diz o médico, ajuda o profissional a ser reconhecido no exterior.

A vinda de estrangeiros à capital deve ser intensificada a partir de abril de 2011, quando será inaugurado o Centro de Terapias com Células-tronco Adultas, o primeiro no país.

Na próxima semana, representantes do Hospital Vila da Serra, onde funcionará a unidade, assinam nos EUA o convênio para a implantação do centro em Belo Horizonte. As obras começam no mês que vem.