Médicos obstetras da Santa Casa de Uruguaiana, na fronteira do Estado, suspenderam desde a zero hora do último domingo (14) os partos pelo SUS. A medida é provocada pelo não atendimento de reivindicações dos obstetras e que integram negociação do Sindicato Médico do RS (SIMERS) com a direção da instituição e prefeitura.
O SIMERS ressalta que a categoria luta pela formalização dos contratos e melhor remuneração e que tratativas ocorrem há anos. Na última sexta (12), o Sindicato pediu ao Conselho Regional de Medicina (Cremers), o reconhecimento ético do movimento. Prefeitura e Santa Casa passaram a fazer ameaças aos médicos, tentando evitar a paralisação.
"Os médicos estão trabalhando há 20 anos no hospital sem contrato, férias ou décimo terceiro", afirma o diretor do SIMERS, Nauro Aguiar. Além da formalização do vínculo de trabalho, o grupo busca melhores condições para o atendimento e a valorização profissional, com o pagamento por produção, que representa o volume de atendimentos realizados. O SIMERS aponta a falta de suporte especializado durante os plantões como situação grave.
"Os obstetras enfrentam a ausência de pediatras e até mesmo de anestesistas durante os partos", denuncia Aguiar. Mais de 160 nascimentos ocorrem por mês no hospital. Muitas gestantes vêm da Argentina. Sem o serviço pelo SUS, o atendimento é feito em Alegrete, distante 150 quilômetros.
Proposta da prefeitura e do hospital, remetida na manhã de sexta à entidade, frustrou expectativa dos médicos para um acordo. Segundo o diretor do SIMERS, a administração municipal não apresentou novidades em relação às negociações anteriores. A proposta, assinada pelo prefeito Sanchotene Felice e pelo presidente da comissão gestora da Santa Casa, Luiz Augusto Schneider, mesmo indicando a intenção de formalizar os contratos, não contemplava as necessidades dos plantonistas e ainda ameaçava com punições a quem interromper os serviços.
"O prefeito não entende o que está acontecendo. O número de atendimentos é grande. Chegam ao hospital gestantes de toda a região, e a remuneração é insuficiente para o volume de trabalho. É preciso o reconhecimento da importância destes médicos", reforça Aguiar. Há anos o SIMERS busca o diálogo com os gestores do município sobre a situação dos obstetras, sempre informando as tratativas ao Cremers.