Em um artigo publicado na revista científica Clinics in Plastic Surgery, neste mês de abril (2009), Dr. Rodrigo Neira, cirurgião plático do Hospital Red Deer Regional, Canadá, comenta a técnica Smartlipo para lipoescultura.
Essa técnica foi aprovada pelo FDA, Estados Unidos, e pela Anvisa, no Brasil, Desde então, ganhou repercussão na mídia crescentemente. A técnica utiliza um sistema de lazer com cânula minúscula a fim de dissolver a gordura e promover a contração da pele.
Segundo Dr. Neira, Dr. Goldman e Dr. Gotkin, autores da técnica Smartlipo, reivindicam que essa técnica reduz o tempo de manutenção do paciente depois do procedimento, aumenta o resultado cosmético, reduz a perda de sangue e minimiza os efeitos colaterais de anestésicos e as complicações relacionadas. Apenas é incerta, segundo os idealizadores da técnica, a quantia de gordura e de sangue que são retiradas com essa técnica.
Dr. Neira comenta que ele e colegas, analisando o tecido gorduroso através de microscópio eletrônico, encontraram que tal tecido é rodeado de tecido conjuntivo em quantidades que variam de acordo com cada parte do corpo. “Esse resultado explica a dificuldade que os cirurgiões plásticos têm para remover a gordura de algumas partes do corpo”, diz o especialista.
Por isso, a técnica utilizada é de grande importância e deve seguir três critérios: não causar dano, melhorar os resultados, a qualidade e duração da recuperação dos pacientes. Quanto menos invasivo for um procedimento cirúrgico menor será o trauma pós-cirúrgico e a resposta fisiológica inflamatória.
Dr. Neira acrescenta que duas técnicas diferentes foram criadas mais recentemente para auxiliar na lipoescultura: a Smartlipo e a Neira 4L laser. Esta última é um lazer de baixa potência, “a frio”, elaborado para minimizar o trauma ao tecido gorduroso, o trauma cirúrgico e a resposta inflamatória, diminuindo a dor depois do procedimento, melhorando o processo curativo e encurtando o tempo de recuperação. O que facilita o retorno das pessoas as atividades diárias.
O Smartlipo apresenta o mesmo efeito que a outra técnica ao tecido gorduroso, é uma ferramenta não invasiva, porém, é um lazer térmico interno. Portanto, as duas técnicas usam abordagens diferentes.
Dr. Neira complementa que “Dr. Goldman e Dr. Gotkin apresentaram dados preliminares sobre o uso do SmartLipo. Pode ser que realmente essa técnica obtenha os resultados reivindicados por eles, podendo ser uma ferramenta poderosa por prevenir cicatrização secundária e deformidades da pele depois da lipoescultura".
Embora as reivindicações de Dr. Goldman e Dr. Gotkin sobre a técnica de Smartlipo, Dr. Neira coloca que “essas reivindicação ainda não foram comprovadas por estudos histológicos ou por outras técnicas não invasivas de diagnóstico”.
Finalizando, Dr. Neira faz um convite aos cirurgiões plásticos e outros presquisadores: “analisar profunda e cuidadosamente essa informação interessante a respeito do SmartLipo e ponderar tal informação com apoio de estudos adicionais”.
Alerta também para o fato de que o cirurgião plástico necessita de treinamento adicional para utilizar técnicas novas. Em relação a esse aspecto acrescenta: “os resultados pobres ocorreram porque os doutores começaram a usar técnicas que eles aprenderam em reuniões antes de que obtivessem treinamento formal adequado. Esse fenômeno apresenta um real desafio no campo da cirurgia plástica, tanto para o cirurgião que executa a nova técnica como para quem a elaborou”. Assim, nem todo resultado inadequado pode ser conferido à técnica.
Referência
NEIRA, R. Commentary on “Laser-Assisted Liposuction”. Clinics in Plastic Surgery, v. 36, n. 2, p. 255-256, abr. 2009.